Sou um calvinista arminiano (ou um arminiano calvinista?)

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Um dos assuntos que trazem dificuldade aos cristãos é o da perda da salvação. Recebo muitas perguntas a respeito. Certo que desagradarei, respondo.

Muitos, mesmo sem o saber, são adeptos do arminianismo. Para os arminianos, a salvação é uma espécie de contrato entre Deus e o homem, contrato que o homem pode quebrar, se não perseverar. Os pentecostais brasileiros em sua maioria são arminianos e a posição explica em parte o seu crescimento. Explico, respeitosamente: como a salvação se perde, o crente faz tudo para não a perder.
Há muitos versículos bíblicos que sustentam esta doutrina. No meu entendimento, porém, cada um deles deve ser entendido à luz dos outros, que, em sua maioria, evidenciam que, uma vez salvo, o crente sempre estará salvo. O convite ao “perseverar até o fim” é repetido, mas deve ser compreendido como um estímulo à fidelidade, não como uma formulação teológica.
De fato, a idéia da perseverança dos santos não é lógica, mas é bíblica, respeitadas outras interpretações. Sugiro para nossa leitura as muitas promessas de Jesus sobre a certeza da salvação (como: João 6.37, João 6.39, João 10.29 e João 15.16). O apóstolo Paulo segue na mesma direção (Efésios 1.4,5, Romanos 8.29,30, Filipenses 1.6, 2Tessalonicenses 3.3 e 2Timóteo 1.12), que deve ser a nossa.
O calvinismo entende, portanto, que a salvação é um decreto imutável, à luz de vários textos: os batistas são calvinistas, mas moderados por não aceitarem todos os itens (1. O homem é totalmente depravado; 2. Eleição incondicional; 3. Expiação limitada; 4. Graça irresistível;  5. Perseverança dos santos) da teologia reformada. Os batistas entendem que a salvação é decretada com base na presciência (conhecimento futuro) de Deus; quando decreta, Ele já sabe quem ficará firme até o fim. Ele põe no livro os que vão perseverar. Pessoalmente, eu gostaria de ser arminiano, por ser mais lógico, mas a graça e a Bíblia não nos permitem.
Quanto a mim, aceito plenamente o ponto 1: o homem (o que tristemente me inclui) é mesmo totalmente depravado. 
Aceito também o item 5, embora contra a minha razão; a idéia da presciência ajuda, mas o forte mesmo é o princípio da graça; a salvação é pela graça, do início ao fim.
Aceito os extremos (pontos 1 e 5), mas não o miolo (pontos 2 a 5). 
A eleição é incondicional (ponto 2), mas não é dupla: isto é: não creio que Deus destine uns para a salvação e outros para a perdição; o oferecimento é para todos e Ele espera a resposta positiva de todos ao seu convite. 
A morte de Jesus (ponto 3) é para todos; o sangue dele não foi inicialmente para os eleitos, mas finalmente para os eleitos. Quando ele morreu, expiou o pecado de todos os viessem aceitar seu gesto, arrependendo-se e confessando que Ele é o Senhor.
A graça não é irresistível (ponto 4), porque fomos feitos livros e continuamos livres, apesar de nossa corrupção.
Em outras palavras, dirão alguns que sou um calvinista arminiano ou o arminiano calvinista. Tudo por causa de nossa necessidade de classificar.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

 
 
 
 
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