CREDO APOSTÓLICO, O CREDO CRISTÃO, 4 – Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor

O texto do credo diz:

 

1
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso,
Criador dos Céus e da terra.

2
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,

3
o qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da virgem Maria;

4
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;

5
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,

6
subiu aos Céus
está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,

7
donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

8
Creio no Espírito Santo;

9
[Creio] na santa Igreja católica;
na comunhão dos santos;

10
[Creio] na remissão dos pecados;

11
[Creio] na ressurreição do corpo;

12
[Creio] na vida eterna.
Amém.

 

4
“Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”. (Credo Apostólico)

Sim, creio em Jesus Cristo como único Filho do Deus Todo poderoso e como o nosso Senhor.
Esta é uma síntese perfeita sobre a personalidade de Jesus Cristo. Por isto, demanda que a entendamos e que creiamos que Jesus Cristo é o que a Bíblia diz o que Ele é.
Crer em Jesus Cristo nos coloca no centro da fé cristã.
Crer em Jesus Cristo como único Filho de Deus nos coloca também no centro da teologia cristã, o esforço humano para entender as ações apaixonadas de Deus pelo ser humano. Cabe à teologia compreender o mistérios, o maior deles sendo o da encarnação (ou humanização) de Deus. Nesta tarefa, o apóstolo Paulo é preciso e poético, ao mesmo tempo, num texto que nunca é demais ler de novo:
Crer em Jesus Cristo como Senhor nos coloca no coração de uma vida que vale a pena.
Com estes pontos de partida, podemos compreender melhor o Credo Apostólico, quando diz: Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”.
Lemos na Bíblia que

“embora sendo Deus, [Jesus] não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.  E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. (Filipenses 2.6-11)

Aprendemos, então, que, quando se tornou carne, o Logos (como o evangelista João o chama, em João 1.1) assumiu uma subordinação temporária ao Deus Pai, sim, temporária, porque logo Ele receberia de volta o exercício de Sua divindade. Sendo Deus encarnado, Jesus Cristo deixou de usar seus atributos divinos, sobretudo os intransferíveis, como a onisciência e a onipotência. Embora esses atributos ainda fizessem parte de sua natureza divina, Jesus amorosa e livremente deixou de usá-los para viver integralmente a sua humanidade. (Leia mais sobre isto em FERREIRA, Franklin, e MYATT, Alan. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 530) Como lemos na experiência do Seu encontro com Satanás no deserto, Ele foi tentado a usar esses atributos, sobretudo o da onipotência, mas ficou firme em Sua plena humanidade. Eis o que Ele disse sobre si mesmo: “Quando vocês levantarem o Filho do homem [quando me crucificarem], saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou” (João 8.28).

1
CREIO EM JESUS
“Creio em JESUS Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”. (Credo Apostólico)

Então, quando digo que “creio em Jesus”, digo que creio que Jesus foi uma pessoa com existência real na história. Não foi uma teofania, isto é, um aparecimento de Deus, seguido de um desaparecimento. Ele teve um começo, nascendo em Belém, e um fim, morrendo e ressuscitando em Jerusalém.
Jesus era um nome comum no primeiro século da era cristã. Paulo teve um companheiro chamado Jesus, o Justo (cf. Colossenses 4.11), talvez por causa de Josué, o sucessor de Moisés, e de Josué, o sumo-sacerdote ao tempo da reconstrução de Jerusalém, quando Deus anunciou a Maria de Nazaré que teria um filho, instruiu-a a lhe por o nome de Jesus, com a seguinte justificativa: “porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1.21; cf. Lucas 1.31). O nome “Jesus” é a forma em língua portuguesa (a partir do latim) da forma grega IESUS. Trata-se de uma transliteração (palavra escrita como se ouve) do nome hebraico YESHUA, que significa JEOVÁ (Deus) É SALVAÇÃO.
A historia de sua vida está narrada no Novo Testamento, sobretudo nos Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João). Ele nasceu em Belém, numa família que vivia em Nazaré. Com a sua família, participava anualmente da celebração da Páscoa. Foi batizado por seu primo, João Batista. Desenvolveu seu ministério, de ensino e cura, durante dois ou três anos, andando a pé pelas cidadezinhas da sua terra, longe dos palácios e dos lugares da moda, para anunciar o Reino de Deus e para convidar ao arrependimento dos pecados. Participou de festas, debateu com opositores e restaurou a dignidade de pessoas. Era seguido de perto por curiosos e também por discípulos. Foi julgado como subversivo e morto numa cruz, quando ainda era um jovem, abandonado por quase todos os seus seguidores próximos. Três dias depois, ressuscitou. Um mês e pouco depois foi levado para o céu. Desde então esperamos que volte para restabelecer um novo tipo de relacionamento conosco.
Quando digo “creio em Jesus”, creio que Ele é o meu Salvador, Salvador que “tornou inoperante a morte e trouxe à luz a vida e a imortalidade por meio do evangelho” (2Timóteo 1.10).
Quando digo “creio em Jesus”, afirmo que creio “Jesus morreu e ressurgiu” e “também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram [morreram]. (1Tessalonicenses 4.14)
Quando digo “creio em Jesus”, admito que não prego a mim mesmo, ou seja, não sou o meu próprio centro ou eixo, mas prego a “Jesus Cristo, o Senhor”, de quem sou servo, dEle e das pessoas, como Paulo, “por causa de Jesus” (2Coríntios 4.5).
Quando digo “creio em Jesus”, estou colocando a esperança da minha vida, enquanto trabalho e luto, no Deus vivo, [Jesus] o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem” (1Timóteo 4.10).

Ao prenome “Jesus”, o Novo Testamento acrescenta “Cristo”.
Jesus é a humanidade. Cristo é a divindade. Jesus é história. Cristo é fé.

2
CREIO EM CRISTO
“Creio em Jesus CRISTO, seu único Filho, nosso Senhor”. (Credo Apostólico)

Quando digo “creio em Cristo”, digo que a reconciliação do ser humano com o Todo poderoso Criador dos céus e da terra foi possível por uma decisão do próprio Criador. Para chamar as pessoas ao arrependimento, que abre as portas para o perdão, o Deus Pai enviou os seus profetas. Muitos se arrependeram dos seus caminhos e muitos mataram os profetas enviados pelo Deus Pai. Até que o Deus Pai enviou Jesus, chamado Cristo.
Este título (Christou, no grego) aparece mais de 500 vezes no Testamento (sozinho, ou como sobrenome o prenome de Jesus — “Cristo”, “Jesus Cristo” [137 vezes], “Cristo Jesus” [85] ou “o Cristo” [48]) e significa “o ungido” (ou “mashiach” ou “messias”). O nome lembra o ato em que profetas (1Reis 19.6), sacerdotes (Êxodo 29) e, sobretudo, reis (1Samuel 9 e 16 e 1Reis 19) eram ungidos (ou consagrados, separados) com óleo para o exercício de suas funções.
A palavra (Cristo) é usada para identificar Jesus de Nazaré, onde foi criado (Lucas 4.16). Quando iniciou seu ministério, Ele leu na sinagoga da cidade uma passagem do Antigo Testamento:

“O Espírito do Soberano, o Senhor, está sobre mim, porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros, para proclamar o ano da bondade do Senhor”
(Isaías 61.1-2a)

Depois de ler o texto, Jesus “fechou o livro [em formato de rolo], devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele e ele começou a dizer-lhes [para surpresa e alvoroço de todos]: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir” (Lucas 4.20-21).
Com isto, Ele quis dizer que a espera acabou, porque a promessa do Messias estava se realizando nEle. No entanto, nem todos reconheceram que Jesus era o Mesias (Cristo). André foi um dos primeiros, ao dize-lo a seu irmão Simão Pedro: “Achamos o Messias” (isto é, o Cristo). (João 1.41). Jesus mesmo o disse a uma mulher não-judia (João 4.25). Os discípulos desconfiavam e Pedro o revelou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16). Após esta confissão de fé, o Messias disse que sua igreja seria fundada, após a sua morte. Isto, de fato, aconteceu em Jerusalém, mas seus seguidores começaram a levar o Evangelho a outras cidades, uma das primeiras sendo Antioquia, onde “os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (Atos 11.26) ou seguidores de Cristo ou pertencentes (como escravos) de Cristo. Esses cristãos “todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo” (Atos 5.42).

Então, quando digo que creio em “Cristo”, estou dizendo que a minha espera pelo Messias terminou. Jesus é o Messias. Eu tenho em Quem crer. Não preciso esperar mais. Posso me aproximar do Messias e ser salvo.
Então, quando digo que creio em “Cristo”, estou dizendo que creio que Deus cumpre as suas promessas. Destas, enviar seu filho como o próprio Messias foi a mais difícil, humanamente falando, porque significava vê-lo sofrer até à morte. Por isto, Paulo pergunta, exclamativamente:

“Que diremos, pois, diante dessas coisas?
Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?”
(Romanos 8.31-32)

Quando digo que “creio em Cristo”, quero dizer que O admiro, não como um homem qualquer, mas como o Cristo (ungido) de Deus. Ele é o único. Ele não é o grande, como Carlos, Alexandre ou Gregório. Ele é o único. Só Ele, em Sua absoluta singularidade, poderia dizer sobre si mesmo o que disse:

 

  • “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede” (João 6.35)
  • “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”” (João 8.12)
  • “Vocês são daqui de baixo; eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo; eu não sou deste mundo” (João 8.23)
  • “Antes de Abraão nascer, Eu Sou!” (João 8.58)
  • “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (João 10.9)
  • “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João 10.11)
  • “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; (João 11.25)
  • “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6)
  • “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15.5)
  • “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida” (Apocalipse 21.6)

3
CREIO NO ÚNICO FILHO DE DEUS
“Creio em Jesus Cristo, SEU ÚNICO FILHO, nosso Senhor”. (Credo Apostólico)

Uma pergunta ecoa pelos séculos, feita pelo sumo-sacerdote que interrogou Jesus:
— Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito? (Marcos 14.61)

Jesus Cristo é, na Bíblia e no Credo Apostólico, o filho do Deus bendito. Na Bíblia, título “filho de Deus” aparece perto de 200 vezes, na boca de várias pessoas, inclusive de Satanás e de pessoas sem fé. Natanael, ao se encontrar com Jesus, logo percebeu quem Ele era: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” (João 1.49). No entanto, ninguém foi tão preciso quando o apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16)
O primeiro a fazê-lo, entretanto, foi o próprio Deus quando, por intermédio de um anjo, anunciou o nascimento de Jesus, que seria chamado de “Filho de Deus” (Lucas 1.35). Quando, aos 12 anos, se perde dos seus pais no templo em Jerusalém, Ele se refere a Deus como sendo seu Pai (Lucas 2.49).
Nos Evangelhos, Jesus se refere a Deus como Pai quase 200 vezes. Numa delas, Ele declara: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11.27). Noutra, Ele diz: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30).
A natureza divina de Jesus sai de sua própria boca. A natureza divina de Jesus emerge das Suas realizações. Só Ele podia fazer o que fez.
No entanto, a divindade de Jesus, por ser um sério desafio à razão, tem encontrado resistência ao longo dos séculos, até mesmo entre leitores do Novo Testamento, alguns se dizendo cristãos. Os evangelhos registram que, quando Ele sai das águas batismas, onde entrou pelas mãos de João Batista, dos céus Deus diz: “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado” (Mateus 3.17).
Alguns interpretaram esta declaração como uma afirmativa de que Jesus se tornou Deus, não o sendo anteriormente ao seu aparecimento na terra. (Cf. WITMER, John A. Immanuel: experiencing Jesus as man and God. Nashville: Word, 1998, p. 48-50) Se aceitamos a Bíblia como inspirada Palavra de Deus, não temos como aceitar a negação da divindade de Jesus. Deixemos o próprio Filho de Deus falar, como o fez em sua oração final (João 17):

 

  • “E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (verso 5).
  • Os discípulos “reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste” (verso 8)
  • “Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu” (verso 10).
  • “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo” (verso 24).
  • “Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste” (verso 25).

Os apóstolos reafirmam, sem qualquer dúvida, a divindade de Jesus. O apóstolo Paulo canta, solenemente:

Jesus Cristo “é a imagem do Deus invisível, o primogênito sobre toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste” (Colossenses 1.15-17).

O autor aos Hebreus lembra que Deus constituiu o seu Filho Jesus Cristo como “herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa” (Hebreus 1.2-3).

Então, quando eu digo que creio no único Filho de Deus, Jesus Cristo, confesso que me rendo ao que não sei, isto é, eu não sei como se Deus a encarnação, como Jesus Cristo continuou sendo Deus sendo homem, mas creio, mesmo sem entender. Ouço as palavras de Jesus que se apresentou como sendo Deus, junto com o Pai. Recebo e aceito. Eu me rendo diante do que não sei e me rendo diante do que sei:

“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito [único gerado, filho único] vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1.14).

Creio em Jesus como Filho de Deus porque vejo o seu relacionamento com o Pai. Por causa deste relacionamento com o Pai, o evangelista me oferece estas frases para eu saborear:

 

  • “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1.18).
  • “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
  • “Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus” (João 3.18).

Quando afirmo que creio no único Filho de Deus, afirmo que creio num Filho que se submeteu, como Ele mesmo disse: “Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou” (João 8.28).
Então, se Jesus se submeteu ao Pai, eu devo me submeter também. Devo submeter até minha razão, que não consegue alcançar a encarnação.
Assim, diante pergunta do próprio Jesus — “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” — respondo como Pedro: Jesus é o Filho do Deus vivo (Mateus 16.16).
E você: o que responde?
A promessa é clara: “Se alguém confessa publicamente que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus” (1João 4.15).
Qual é o seu desejo? Fazer da sua vida a morada de Deus? Confesse que Jesus é o Filho de Deus.

4
CREIO EM NOSSO SENHOR
“Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, NOSSO SENHOR”. (Credo Apostólico)

O nome completo para Jesus no Novo Testamento é “Senhor Jesus Cristo”, que aparece 38 vezes, muitas vezes com o pronome “nosso”. As formas abreviadas (“Nosso Senhor Jesus”, “Senhor Jesus”, “Nosso Senhor”, “Senhor”) aparecem muitas outras vezes.
Nos Evangelhos, Ele é apenas “Senhor Jesus”. Aos poucos as comunidades foram compreendendo a Sua natureza e dando-lhe o nome que é sobre todo o nome: “Senhor Jesus Cristo”.
A palavra grega para Senhor é “Kyrios”, que traduz a palavra hebraica “Adonay” (meu Senhor) ou “Yaweh”. No período do Novo Testamento, o título “kyrios” era empregado para indicar poder e propriedade, sendo usado para donos de terras (Mateus 20.5, Marcos 13.35), funcionários públicos (Mateus 27.63) e professores (João 4.11). Os discípulos usavam a palavra para indicar a natureza divina de Jesus Cristo (Mateus 8.25, Mateus 14.30). Os escritores apostólicos o fazem também neste sentido (Romanos 10.9, 1Coríntios 4.4-5, Hebreus 1.10). (Cf. WITMER, John. Immanuel. Nashville: Word, 1998, p. 45-46)
Três textos se excedem nesta titulação:

  •  Romanos 10.9:

“Se você confessar com a sua boca que JESUS É SENHOR e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo”. — A fé vem a partir de um anúncio da igreja, mas ela é pessoal. A fé que um tem não salva o outro, apenas comunica a necessidade de uma decisão pessoal. O pertencimento a uma igreja não salva. A salvação vem a partir da confissão com a boca, isto é, com uma confissão clara, audível e corajosa. Esta fé inclui a razão, mas é decisão do coração; não é apenas uma doutrina, mas um compromisso de vida. Esta fé é no Jesus completo, que teve uma história conhecida (nascendo, vivendo, morrendo e ressuscitando na primeira parte do século primeiro da era que leva o seu nome. Jesus é o filho de Maria, mas é sobretudo “Senhor”; não há nenhum outro Senhor, não há nenhuma Senhora. Jesus é o Cristo, mas é sobretudo “Senhor”; muitos podem ser ungidos para fazer a obra de Deus, mas só Jesus é o Senhor. Jesus é o único Filho de Deus e, por isto mesmo, é o nosso Senhor.

  •  1 Coríntios 12.3:

“Por isso, eu lhes afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: “Jesus seja amaldiçoado”; e ninguém pode dizer: ‘JESUS É SENHOR’, a não ser pelo Espírito Santo” — Para entendermos esta declaração, lembremos que uma das promessas de Jesus foi que, na hora em que fossem presos e julgados, não deviam se preocupar com o que dizer, pois o próprio Espírito Santo falaria em seu lugar (Marcos 13.11). Já ao tempo dos apóstolos, os cristãos eram convidados a negar que Jesus era Senhor. Deixar de dizer “Kyrios Christos” significava dizer “Kyrios Kaisar”; era mais que uma negação, era uma afirmação de fé nos Kirioi pagãos. Alguns se deixaram seduzir. É possível que alguns, passada a tempestade, buscassem justificar sua apostasia, dizendo que o próprio Espírito Santo lhes soprara a saída. Não: nunca o Espírito Santo vai inspirar uma negação de Jesus. Ao contrário, seu ministério é nos levar a confessar que Jesus é o Senhor. Esta confissão não se faz apenas com a razão, embora possa incluí-la. E a razão pode adiar esta decisão para todo o sempre.

  •  “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,e toda língua confesse que JESUS CRISTO É O SENHOR, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2.9-11). — Por que o nome dEle não pode ser sobrepujado? Porque é o nome do próprio Deus, o que quer dizer que Jesus é o próprio Deus.  (CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 285) Todo o Novo Testamento é um hino ao senhorio de Jesus Cristo. Como lemos em Filipenses 2.5-11, título “Senhor” evidencia o fato de Cristo ter sido elevado à direita de Deus e de interceder pelos seres humanos em Sua condição de glorificado. “Ter sido elevado à direita de Deus” é uma metáfora para “glorificado”, que é uma metáfora do fato que Jesus Cristo reassumiu sua condição plena de Deus. É como se disséssemos imperfeitamente: Ele voltou à sua condição de Deus, da qual tinha se esvaziado temporariamente.

A expressão Kyrios Christos sintetiza toda a fé em Cristo da igreja apostólica. Ninguém foi tão longe quanto o “racionalista” Tomé, que diante de Jesus exclamou, eu imagino que de joelhos: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28). Esta confissão não é só a última do Evangelho de João, como é também a coroação de todas as outras confissões do Evangelho. (CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 403.) Jesus toma esta confissão e a oferece como modelo para todos os seres humanos, quando diz: “Felizes os  que não viram e creram”.
A  partir desta confissão, pode se alcançar toda a obra de Jesus, tanto a passada, como a futura e a presente. Esta confissão vem da convicção que, por sua obra expiatória e por seu retorno em glória, “já hoje Cristo exerce a soberania [sobre o mundo], ainda  que isto seja invisível, ainda que só os crentes sejam os únicos a sabê-lo e que os pagãos creiam, todavia, que haja outros Kirioi que disputam o senhorio do mundo”. (CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 283)
De que Deus é o Senhor?

  • Jesus é o Senhor do mundo. Nenhum elemento da criação lhe escapa, uma vez que todo o poder lhe foi dado no céu e na terra (Mateus 28.19). Jesus reconciliou tudo o que está sobre a terra e nos céus (Colossens 1.14). “O senhorio de Cristo há de se estender a todos os âmbitos da criação. Se houvesse um só onde este senhor fosse exluido, não seria total e Cristo deixaria de ser o Kyrios. Por isto, a esfera do Estado também, e ela principalmente, tem que estar incluída em sua soberania.
  • Cristo é o Senhor da igreja. A imagem paulina é muito solene. “Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador” (Efésios 5.23). Cristo “é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia” (Colossenses 1.18). A plenitude da vida está em que está em Cristo, “que é o Cabeça de todo poder e autoridade” (Colossenses 2.10).
  • Cristo é o Senhor de cada um de nós. Para compreender a natureza deste senhorio, preciso ter consciência que sou escravo, servo, do Senhor Jesus Cristo (2Coríntios 4.5). Preciso ter consciência do domínio total e absoluto do Senhor Jesus Cristo sobre mim. Cristo não é somente o Senhor do mundo, o Senhor da igreja: é também o meu Senhor. Para ser experimentado e reconhecido como Senhor da Igreja, Jesus Cristo deve ser experimentado e reconhecido também como Senhor de cada dos que compõem esta mesma igreja. (CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 302)
    Por isto, “no culto, muito particularmente no momento do partir do pão”, isto é, na Ceia do Senhor, o “conhecimento do senhorio atual de Cristo foi dado aos primeiros cristãos e confirmado em todos os demais domínios de sua vida fraternal”. É na alegria do culto (Atos 2.46) que “o Senhor faz sentir sua presença, ali onde é invocado (‘maranatha’ [como lemos em 1Coríntios 16.20]) e confessado (‘Kyrios Christos’)”. (CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008, p. 418).

 

O QUE FAÇO COM O QUE CREIO SOBRE JESUS?

Eu digo: “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”.
E o que faço com isto?

Se Jesus é o Salvador, e o é, eu me acalmo, porque sei que não estou perdido, apesar da força do pecado. Ele me salva do poder do meu pecado. Eu me alegro, sem medo. Não preciso ter medo. Ponho nele a minha esperança. Olho para o seu sacrifício e deixo o seu sangue me purifique, tornando inoperante a morte e abrindo a porta para uma vida feliz, agora e na eternidade (2Timóteo 1.10). Eu estou entre os que crêem. E você?

Se Jesus é o Cristo, e o é, eu o reverencio, não como um grande ou o grande, mas como o único. Só Ele, em Sua absoluta singularidade, pode dizer o que disse, pode fazer o que faz. Quando Pedro disse que Ele era o Cristo (Mateus 16.16), ouviu que Jesus fundaria sua igreja sobre a rocha. Como Pedro, também digo que Cristo é a rocha espiritual de nossas vidas (1Coríntios 10.4). Eu também quero edificar a minha vida sobre Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16.16). Cristo não nega os meus sonhos, mas me permite realiza-los. Cristo não nega a vida, mas me ajuda a experimenta-la em sua amplitude. Cristo não nega a minha razão, mas a dirige pelo horizonte melhor.

Se Jesus é o Filho de Deus, e o é, eu olho para ele. Tantas vezes perguntei como é Deus. Eu olho para Jesus e sei quem é e como é Deus.

Se Jesus é o nosso Senhor, e o é, eu digo que Ele é o meu Senhor. Há três escritores que me fascinam: o italiano Paulo, o russo Dostoievsky e e o brasileiro Machado de Assis. Se um deles entrasse aqui agora, eu me emocionaria, até à lágrimas, e talvez até o abraçasse. Mas se Jesus entrasse aqui agora eu me jogaria aos seus pés e o adoraria (como imaginou o escritor Charles Lamb [1775-1834]), exclamando como Tomé, “Senhor meu e Deus meu!” (João 20.28)

Eu creio em Jesus Cristo, seu único Filho, meu Senhor”.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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