BOM DIA: É da graça que precisamos

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Depois que a mãe morreu, doente,  uma família segue sua vida. De certo modo, todos se recuperam, ficando só uma serena saudade. No dia a dia, há uma discussão aqui, outra ali, mas tudo está em ordem.

Os filhos crescem. Quando faz 18 anos, um deles resolve tomar o destino da sua vida e decide ir embora. Quer dinheiro. O pai lhe oferece uma quantia suficiente para custear um mês de férias. Ele quer mais. Calcula quanto teria direito, mortos os pais, como herança.
O pai está vivo. Por isto, sangra. Tenta todas as formas de diálogo. Nenhum funciona. O rapaz quer partir.
Engolindo em seco, vende uma das casas e entrega o dinheiro ao filho. Faz tudo certo, no cartório. O filho é todo riso. Faz uma festa de despedida e toma seu rumo.
A saudade leva toda a alegria do pai. Todo dia, no entanto, ele espera que seu filho vai voltar. Ele o imagina como era quando partiu: alto, firme, brincalhão. Todo o dia ele espera. Por anos, ele o espera. Mas toda a sua espera se esvai no silêncio que ouve no horizonte.
Num dia, final de tarde, batem à porta. Ele está sozinho. Vai abrir. Ele vê que é um homem, olhos para baixo, roupa suja, cabelo desalinhado, barba sem fazer. Não é um qualquer: é o seu filho.
E ele o recebe de volta, como se nunca tivesse partido. Ele o acomoda no quarto, que nunca deixou de ser seu.
A vizinhança se admira e critica a falta de senso de justiça por parte do pai. Os comentários são ácidos. Aquele moleque não merecia ser recebido como se nada tivesse acontecido. É por isto que o mundo está assim.
Sua resposta, quando tinha a oportunidade de se defender, era sempre a mesma, quase um refrão:
— A maior alegria da minha vida foi receber meu filho de volta. Ele estava morto e agora está vivo. Ele estava perdido, mas agora o encontrei. O que quero mais?
Sem dúvida, este homem mostrou o que é a graça de Deus, um Deus que espera, abraça, beija e festeja. Este é o Deus que Jesus Cristo nos mostra em ação.
Você dirá: Ele não é justo. 

Eu lembro: Ainda bem. O mundo não precisa de justiça. O mundo precisa de graca.

De Deus para conosco.
De nós para com os outros.

BOM DIA!

(BOM DIA 274)
Israel Belo de Azevedo