BASTA DE VIOLÊNCIA! (Luiz Sayão)

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O mundo atual é marcado pela violência. Todo o progresso científico e tecnológico dos últimos duzentos anos só fez o homem aprimorar a arte de matar. São mais de uma centena de milhões de mortos só nas guerras dos últimos cem anos. Somente as atrocidades dos regimes comunistas já beiram esta cifra. Há alguma coisa podre no reino da Dinamarca, da América, do Brasil e do Mundo! A vida não é mais a mesma. O que ocorre é apavorante! Fatos horripilantes tomam conta dos noticiários.

Na Bíblia, a palavra ocorre cerca de 60 vezes, sendo a vasta maioria no Antigo Testamento, principalmente nos profetas. Em hebraico, por incrível que pareça, violência é hamas. Deus condena a violência e por causa dela destruiu a terra na ocasião do dilúvio (Gn 6). Os profetas de Israel são os principais arautos divinos contra a violência. Só em Habacuque o termo aparece cinco vezes.

Infelizmente, as guerras, os conflitos étnicos, religiosos e os homicídios já fazem parte do cotidiano do homem de hoje. Ruanda, Israel, Palestina, Iraque, Nigéria, Indonésia e Sudão são alguns nomes de países que evocam medo e morte. E se falarmos em Bogotá, Lagos, Medelin, Washington, Detroit, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória, a sensação é semelhante.

A verdade é que vivemos numa cultura de violência. Os games de computador inspiram violência, o cinema e a televisão transformaram a violência em entretenimento. Quase todas as areas da vida estão hoje invadidas pela terrível violência que assola a humanidade. O problema é mundial. Cerca de sessenta milhões de abortos são feitos no mundo anualmente. O Brasil concentra cerca de 10% dos homicídios do mundo. No Canadá, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência sexual em algum momento da vida.  Nos EUA a cada 18 segundos uma mulher é agredida por um homem, e a cada 45 segundos acontece um crime sexual no país. A indústria de guerra americana coleciona uma maioria de negros e latinos pobres mortos nas últimas guerras. Uma pesquisa sobre prostituição infantil na Bolívia mostrou que 79% das meninas haviam fugido de casa por terem sido vítimas de abuso por parte de parentes. Tanto a Alemanha como os EUA registraram recentemente casos de canibalismo! É simplesmente horroroso!

Ao contrário do que se imagina, a violência não é simplesmente causada pela pobreza. Uma leitura marxista da sociedade permite a conclusão superficial de que a violência tem origem na pobreza ou na “revolta do proletariado”. Isso não é verdade! Em primeiro lugar, tal afirmação sugere que nenhum pobre possui dignidade alguma. Basta uma pessoa não ter recursos para roubar e matar. Não é absurdo? Conheci na vida milhares de pessoas pobres que são incapazes de se apropriar do que é alheio. Alguns devolvem até as moedas do troco que não lhe pertence. Por outro lado, pessoas ricas, como políticos, empresários e “gente de bem”, são capazes de muita desonestidade e violência.

Vale a pena mencionar que muitas cidades da Namíbia (África), da Costa Rica, do Nepal e do interior do Ceará possuem pouquíssima criminalidade. Pobreza não é sinônimo de violência.

A grande verdade é que a violência é a intensificação do pecado humano na sua dimensão horizontal. É o afastamento de Deus e de seus princípios que causa a violência. Muita gente hoje é religiosa e mística, mas não obedece aos princípios bíblicos de vida. A imoralidade sexual e o desrespeito à autoridade e à lei provocam o esfacelamento da família e a destruição da sociedade. A verdade é que quem não respeita os próprios pais, não dará ouvidos ao policial, à autoridade constituída, ao pastor da igreja e a ninguém.

Sendo de fato uma expressão do pecado humano, a violência é de fato filha da ganância. Aqui está o grande esclarecimento entre pobreza e violência. Os crimes das grandes cidades são fruto de um desejo ganancioso de ser como “os ricos”. A ideologia da sociedade capitalista expressa nos meios de comunicação sugere que o acúmulo de bens, principalmente dos que trazem prestígio são a razão de ser da vida. Assim, a massa da população começa a correr atrás de uma lista de mercadorias inúteis que lhes trazem valor social. É lamentável! É assustador! Numa busca frenética, abandonam valores essenciais e absolutos que têm sido a sabedoria de comunidades por séculos. Isso favorece a prostituição, o jogo, o lucro fácil, os negócios desonestos, o tráfico de drogas, o tráfico de armas e até o tráfico humano. No fundo, a velha Bíblia continua com toda a razão, pois é o amor ao dinheiro a maior razão da violência. Isso explica em grande parte porque uma sociedade abastada como a norte-americana é marcada por muita violência! As palavras paulinas em 1Timóteo 6.7-10 são esclarecedoras: “pois nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos.”

Precisamos dar uma parada na máquina desvairada desse mundo violento. É hora de valorizar a conversa entre pais e filhos, dar atenção à família, meditarmos em silêncio na palavra divina e orar escutando música de Bach ao fundo! Na verdade não precisamos nem ir muito longe. Já faz tempo que não ouço a música de Gilson e Joram que diz “eu queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde pra plantar e pra colher, ter uma casinha branca de varanda quintal e uma janela para ver o sol nascer”.

(Luiz Sayão)