BOM DIA: Filho de peixe pode não ser peixinho

— Onde foi que eu errei?
Eis um bordão que percorre as páginas dos programas humorísticos, quando um pai vê um filho seguindo um caminho que não gostaria.
Fora das telas, a pergunta é lamentada nos quartos e nos corredores das famílias.
Se, de um lado, a frase registra o valor da formação oferecida e vivida pelos pais, ela contém um equívoco e impõe um peso.
O equívoco é ignorar a liberdade humana. Os filhos não são reproduções dos seus pais. Os filhos ouvem e vêem seus pais. Os filhos ouvem e veem seus amigos. Os filhos leem. Os filhos assistem a filmes. Os filhos tomam decisões, algumas até contra os seus princípios.
O peso é a culpa que os pais cultivam quando as coisas saem diferentes do desejado. Ora, os pais precisam se lembrar que seus filhos são livres. Se fizeram o melhor que (mas o melhor mesmo) souberam e puderam, não precisam se responsabilizar. 
Quando se trata do ser humano, não podemos simplificar.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
(Bom Dia 376)