Na cruz, Jesus fala sete vezes. Sao falas solitárias, poderosas, amorosas, mas solitárias.
Depois que ressuscitou, deixando vazio o sepulcro, Jesus fala sete vezes no domingo e dos dias seguintes. Sao falas comunitárias. São diálogos, na verdade. Sao igualmente amorosas e poderosas.
Estão nos Evangelhos para ajudar em nossa caminhada peregrina.
Vejamos as sete falas.
1
"Não tenham medo".
(Mateus 28.10)
A narrativa de Mateus das primeiras palavras de Jesus, após ter deixado sua própria sepultura, é belíssima em sua precisa síntese.
"As mulheres saíram depressa do sepulcro, amedrontadas e cheias de alegria, e foram correndo anunciá-lo aos discípulos de Jesus. De repente, Jesus as encontrou e disse:
— Salve!
Elas se aproximaram dele, abraçaram-lhe os pés e o adoraram.
Então Jesus lhes disse:
— Não tenham medo. Vão dizer a meus irmãos que se dirijam para a Galiléia; lá eles me verão. (Mateus 28.8-10)
Ao entrarem no sepulcro, para perfumar o corpo sepultado de Jesus, as mulheres (sim, mulheres, parentes, amigas e seguidoras) são as primeiras a descobrir que o seu Raboni não está no lugar onde fora deixado 36 horas antes.
Jesus as vê atônitas e se aproxima delas. Bem perto, faz uma saudação, algo como "Tudo bem?".
Logo, elas o reconhecem e o abraçam, do peito aos pés, e ficando de joelhos diante dele, em reverência. Ele disse que ressuscitaria e ressuscitou. Se alguma delas tinha alguma dúvida, as palavras do Messias respondem a todas as perguntas.
Assim mesmo, estão com medo. Nunca tinham testemunhado uma ressurreição. A de Lázaro foi obra dele. Mas e a dele?
Agora, não precisam ter receio de nada. A morte foi vencida. Por isto, diz Jesus a elas:
— Não tenham medo.
"Não tenham medo" — esta é a mensagem do túmulo vazio.
Porque Jesus ressuscitou, não precisamos ter medo.
Não precisamos ter medo da morte. Ela virá, mas a nossa ressurreição a vencerá.
Não precisamos ter medo de pessoas (ou forças organizadas) poderosas. Os fortes serão enfraquecidos, como no Cântico de Maria, então grávida de Jesus.
Não precisamos ter medo de nós mesmos. O medo nos apavora, mas a ressurreição de Jesus nos liberta dos nossos próprios medos, dos nossos desejos inconfessaveis, de nossa ansiedade diante dos riscos de viver.
"Não tenham medo" tem uma evidência a seu favor. É uma instrução ao trabalho, porque, com Jesus, a vida continua, mesmo que a morte leve uma pessoa querida. Jesus mostra como a vida deve ser vivida. A vida inclui a adoração, mas não se esgota nela. A vida inclui a oração, mas precisa prosseguir na ação. A adoração é a nossa comunhão com Deus, que a ação prolonga.
É por isto que Jesus diz:
— Vão dizer a meus irmãos.
"Não tenha medo" é para apaziguar o coração. "Vão dizer a meus irmãos" é para adrenalizar o coração. A calma não é um antídoto à vida, mas uma preparação para ela, agora mais intensa.
Diante daquelas palavras, a que obedeceram cheias de entusiasmo, agora sabem aquelas mulheres que a vida não lhes acabara.
A morte não é o fim. Jesus ressuscitou.
Porque Jesus ressuscitou, podemos seguir em frente.
A morte nos paralisa, mas o túmulo vazio nos capacita a levar adiante nossas tarefas.
Precisamos sair depressa do sepulcro. Ali não era o lugar do corpo de Jesus. Ali não é o nosso lugar.
Precisamos correr para falar que Jesus ressuscitou. Aquelas mulheres, ao saberem que Jesus ressuscitara, não ficaram envergonhadas, não ficaram cismadas, não ficaram acuadas, não ficaram caladas,
Precisamos adorar a Jesus, abraçando os seus pés. Fortalecidos em nossa fé, precisamos ir para a Galileia, onde as pessoas precisam saber que Jesus ressuscitou. Há muitas pessoas que ainda aguardam esta notícia.
2
"E eu estarei sempre com vocês".
(Mateus 28.20)
Depois da ressurreição, espalhada a notícia, os 11 discípulos foram um monte na Galileia, para ver a Jesus. Nem todos creram. A razão falou mais forte: "nenhum morto pode voltar à vida". A dúvida se instalou: "será ele mesmo?"
Ele estava um pouco distante, como dando um tempo para que as coisas se organizassem em suas cabeças, tamanha a novidade. Então, ele se aproxima e diz:
— Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. (Mateus 28.18)
É como se dissesse:
— Vocês conviveram comigo e viram as minhas limitações. Viram quando fiquei cansado. Viram quando fiquei triste. Viram quando fui humilhado. Viram quando fui morto. Eu fui como um de vocês, com todos potenciais e limites de um ser humano. Agora, porém, quero que saibam, começou um tempo novo. Não tenho mais limitações. Não estou mais sujeito a ninguém. Os poderosos da terra estão sob as minhas ordens. Todo o poder da terra e do céu está concentrado em minhas mãos agora. Vocês não precisam mesmo ter medo, de nada e de ninguém.
Então, ele se aproxima mais um pouco e diz:
— Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. (Mateus 28.19-20a)
O Evangelho é tão profundo, tão novo, tão renovador, tão salvador que precisa ser levado, não como informação apenas; mas como informação nova para uma vida nova.
O Evangelho é para gerar uma vida nova, que se faz a partir da aceitação da sua oferta de graça e continua com um compromisso. A vida realmente nova é para quem se torna aluno de Jesus, aprendendo a a viver como ele viveu. Este aluno se compromete quando se deixa batizar, como Jesus foi batizado. Este aluno (discípulo) submete sua vida ao poder de Jesus, para experimentar a alegria plena. Esse discípulo submete seus pensamentos ao pensamento de Jesus, para encontrar a liberdade plena.
O aluno de Jesus reproduz seus ensinos, na vida e nas palavras.
E antes que saíssem para fazer outros discípulos, Jesus olha para cada um, abraçando-os talvez, e diz:
— E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos. (Mateus 28.20b)
A razão da morte vicária de Jesus é um mistério: Deus decidiu assim, para nos salvar.
A forma da ressurreição de Jesus é um mistério. Deus fez assim, e não sabemos, e não saberemos jamais, como Ele o fez.
A promessa da presença de Jesus permanentemente com os seus discípulos é um mistério, mas é uma realidade, como o são as realidades da morte e da ressurreição de Jesus.
Jesus está conosco. Jesus está conosco sobretudo quando estamos buscando fazer novos discípulos.
3
"Não devia o Cristo sofrer para entrar na sua glória?"
(Lucas 24.26)
Ressurreto, numa estrada que vinha de Jeruslaém, Jesus começa sua nova vida, com um corpo transformado (glorificado, poderíamos dizer). Eis que vê dois antigos seguidores seus no mesmo caminho. Discretamente, ele se aproxima.
Nota que conversam. Ouve o que conversam. O assunto é a morte… a sua morte. Jesus caminha com eles, esperando que o reconheçam. Ele entra na conversa. Os dois têm vivos os fatos da vida de Jesus, sobretudo os da semana anterior. Agora, estão confusos. Contam o que ouviram:
— Nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel. E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu. Algumas das mulheres entre nós nos deram um susto hoje. Foram de manhã bem cedo ao sepulcro e não acharam o corpo dele. Voltaram e nos contaram ter tido uma visão de anjos, que disseram que ele está vivo. Alguns dos nossos companheiros foram ao sepulcro e encontraram tudo exatamente como as mulheres tinham dito, mas não o viram. (Lucas 24.21-24)
O que esperavam não aconteceu. Agora dizem que o Messias está vivo, mas os outros seguidores não o viram; só as mulheres. Eles estão confusos.
Então, Jesus volta a lhes ensinar, como fez durante três anos por aquelas estradas:
— Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas para entrar na sua glória? (Lucas 24.25-26)
Ainda assim não entenderam. Ainda não o viram como o Messias, mesmo tempo passado a noite com eles.
Entendemos nós?
Entendemos que o cristianismo tem suas raízes no judaísmo, mas é outra religião?
Entendemos que a morte vicária de Jesus foi um plano de Deus, a que tiveram acesso, pela fé, os profetas do Antigo Testamento, como Isaías, por exemplo?
Entendemos que o sofrimento de Jesus foi real, sendo maior por causa de sua inocência, que assumiu a nossa culpa?
Entendemos que a glória de Jesus incluía a cruz?
Entendemos que devemos viver a fé cristã numa perspectiva nova e renovadora? A religião cristã não é uma religião qualquer; é a religião revelada de modo completo por Jesus, em sua vida, morte e ressurreição!
Entendemos que devemos ler o Antigo Testamento à luz do Novo Testamento, este que ilumina aquele? O Antigo Testamento mostra Deus em ação, Deus que completa a obra da redenção, como narrada no Novo Testamento!
Entendemos que não precisamos mais sofrer, porque Jesus foi até o fim em seu sofrimento, que culminou em sua morte? Por causa da culpa desviada de nós para Jesus, podemos ter comunhão com o Pai, Pai de Jesus e nosso Pai!
Entendemos que a cruz é um capítulo da gloriosa vida de Jesus? A cruz soa sem sentido, mas, quando a vemos sem o corpo morto de Jesus, ela brilha de glória e esplendor!
Entendemos o que Jesus fez por nós ou somos como aqueles andarilhos em direção a Emaús, num sentido contrário a Jerusalém?
4
"Vejam as minhas mãos e os meus pés".
(Lucas 24.39)
Algum tempo depois de sua ressurreição, Jesus, corpo não limitado pelas leis da física, apresentou-se entre os discípulos, que conversavam, como faziam os seguidores de Emaús.
Chega e diz, como fez tantas outras vezes (João 20.19, 21 e 26).
— Paz seja com vocês.
Todos ficaram apavorados, "pensando que estavam vendo um espírito". (Lucas 24.37)
Então, ele lhes acalma:
— Por que vocês estão perturbados e por que se levantam dúvidas no coração de vocês? Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho. (Lucas 24.38-39)
Para que não tivesse dúvida, pediu comida. Na cruz, pediu água e a recusou. Agora pede comida e come o peixe que tinham preparado.
Alimentado, recordou as palavras que lhes dissera nos anos anteriores, como já estava previsto no Antigo Testamento, em que se lê que o Cristo haveria de sofrer, morrer e ressuscitar, para que houve arrependimento e perdão para pessoas de todos os tempos e de todos os lugares, começando por onde estavam: em Jerusalém. Então, chama seus discípulos para mais perto, agora menos incrédulos e lhes faz um desafio:
— Vocês são testemunhas destas coisas. (Tiago 24.48)
Podemos imaginar como bateram os corações daqueles seguidores. Seu Mestre não só ressuscitou, como diziam por aí, mas estava ali, face a face com eles. Eles viram que na cruz fizeram um buraco em suas mãos; e agora podiam ver esses buracos e, se quisessem, poderiam conferir com os próprios dedos. Na cruz, ouviram as marteladas e viram o sangue descendo até o chão. Quando carregaram seu corpo, viram as feridas, passando de um lado para o outro. Agora, aqueles pés estavam ali firmes, as feridas cicatrizando, podendo-se ver o outro lado.
A incredulidade de Jesus nos permite ter acesso à melhor descrição da natureza ressuscitada de Jesus. Os diálogos mostram também que não faz sentido nenhuma dúvida sobre a sua ressurreição.
Jesus continua a mostrar o seu amor para com as pessoas. Ele respeita as suas dúvidas. Para termos uma idéia do significado das suas ponderações silenciosas e claras, imagine que corra um boato sobre a sua morte. Você aparece e as pessoas duvidam, de modo que você tem que provar que está vivo.
Ficamos irritados com a atitude dos discípulos. Temos razão, mesmo nos perguntando se não faríamos o mesmo. Na verdade, devemos ser gratos àqueles discípulos, porque tudo o que sabemos sobre o novo corpo de Jesus nós o sabemos por causa deles. Obrigado, incrédulos discípulos por sua incredulidade. Por causa de vocês, a nossa fé fica mais clara. Graças a vocês, as dúvidas dos incrédulos são respondidas.
Agora, fixemo-nos na frase final de Jesus neste diálogo. Vocês são testemunhas. Vocês me viram crucificado. Vocês me viram ressuscitado. Ficarão calados ou sairão pelas montanhas contaram o que viram e o que eu fiz a vocês e com vocês?
A pergunta nos alcança, dois milênios decorridos, não semanas, como nesse caso. Somos testemunhas pela leitura dos Evangelhos. Somos testemunhas pelo que Deus tem feito em nossas vidas.
Ficaremos calados sobre o significado da morte de Jesus? Ficaremos em silêncio sobre o sentido da ressurreição de Jesus?
5
"Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês".
(João 20.17)
João registra com detalhes um dos diálogos mais extraordinários do Jesus ressurreto e seus discípulos. Foi uma conversa com uma mulher. Foi uma conversa com Maria. Foi uma conversa com Maria Madalena.
Logo na manhã do primeiro dia (domingo), Maria Madalena, uma das primeiras a chegar ao sepulcro e ver que estava vazio, "viu Jesus ali, em pé, mas não o reconheceu".
Eis o diálogo:
— Mulher, por que está chorando? Quem você está procurando?
— Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei.
— Maria!
— Rabôni!
— Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai. Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: "Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". (João 20.14-17)
"Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". — Jesus tem consciência que sua vida é peregrina. Ele agora tem todo o poder do mundo, mas seu poder não o poder pelo poder, mas é um poder para um fim, para abençoar, para salvar. Nossa vida também é peregrina: também estamos indo nos encontrar com o Pai.
"Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". — Jesus tem consciência de quem era: Filho de Deus. Isto o fez diferente. Isto fez diferença na sua vida. De um modo distinto de Jesus, também somos filhos de Deus.
"Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". — Precisamos ter consciência de quem somos: filhos de Deus, filhos amados, não filhos rejeitados. Somos filhos queridos. Mesmo que soframos, nossa condição de amados pelo Pai continua inalterada.
"Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês". — Precisamos sempre nos lembrar do que podemos esperar de Deus. Pode ser que venha a sexta-feira, mas vem também o domingo. Pode ser que passemos pelo vale da sombra da morte, mas depois tomaremos o cálice da vida. Estas realidades fazem parte de nossa condição peregrina. Não temos qualquer razão para nos agarrarmos a esta vida como se fosse a única vida. Nossa vida é importante e sua importância está na sua condição peregrina. Estamos a caminho.
6
"Recebam o Espírito Santo".
(João 20.22b)
Algum tempo depois, Jesus se encontra de novo com seus seguidores.
Ele agora lhes dá uma tarefa. Ele fiz isto outras vezes (como em Mateus 28.19-20 e Marcos 16.15-16).
Aos lhes encontra-se, fala-lhes o seu divino "shalom" e lhe diz:
— Assim como o Pai me enviou, eu os envio.
Como poderiam fazer isto, se não passavam de seguidores ainda dominados pelo medo e corroídos pela dúvida?
Não deviam se preocupar, porque seriam capacitados.
Talvez lhes tenha dito:
— Vocês se lembram do que lhes disse, há alguns dias? Não lhes falei para não ficaram perturbados, mas que cressem no Pai e também em mim? Não lhes prometi também que lhes mandaria outro Conselheiro, o Espírito Santo, para estar com vocês? Não lhes lembrei que o mundo não pode recebe-lo, mas vocês podem, porque o conhecem? Não lhes garanti também que eu preciso ir para que o Espírito Santo lhes venha? (João 14.1, 16 e 17; 16.7).
Agora, chegou a hora.
Fez silêncio e soprou sobre ele. E então, acrescentou:
— Recebam o Espírito Santo. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados. (João 20.22-23)
"Recebam o Espírito Santo". Vivam pelo Espírito Santo. Deixem que o Espírito Santo lhes diga o que fazer. Deixem que o Espírito Santo conforte vocês na hora da dificuldade. Deixem que o Espírito Santo capacite vocês para serem minhas testemunhas. Não vivam por vocês mesmos. Vivam pelo Espírito Santo. Deixem que o Espírito Santo lhes ajude a perdoar aqueles que ofenderem você. Meu exemplo foi claro: eu orei ao Pai para que perdoassem os que me matavam. Nenhum ser humano pode fazer isto. Eu pude. Vocês agora podem, porque o Espírito Santo está em vocês.
"Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados" — Jesus já dissera isto, quando Pedro confessou que ele era o Filho do Deus vivo (Mateus 16.19). Agora, repete-o para todos os discípulos, o que sempre nos inclui.
É como se Jesus nos dissesse: eu vim e perdoei, com meu sacrifício na cruz, todos quantos quiseram receber o meu perdão, perdão que permite acesso ao meu Pai. Agora, estou indo e não estarei aqui para perdoar os pecados. No entanto, vocês devem continuar anunciando o perdão; quando anunciam meu perdão e as pessoas o recebem, elas são perdoadas. Vocês são meus portavozes (testemunhas). Falem do perdão. Falem que a comunhão com o Pai é possível. O Espírito Santo vai lhes capacitar para serem testemunhas.
É como se Jesus continuasse: Vocês mesmos perdoem uns aos outros. Perdoem unilateralmente. Perdoem os que não querem bem a vocês.
Talvez neste momento, algum discípulo tenha confessado a sua dificuldade, porque a natureza humana é contra o perdão. Então, Jesus pode ter dito:
— Recebam o Espírito Santo.
Ele torna isto possível.
7
"Felizes os que não viram e creram"
(João 20.29)
Uma semana depois de tudo isto, houve outra reunião. Nas anteriores, o discípulo Tomé não estava presente. Numa em que esteve e Jesus não estava, os discípulos disseram que tinham se encontrado com Jesus; ele, no entanto, misturando incredulidade e vanglória, desafiou:
— Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei. (João 20.25)
Agora, presentes os dois, Jesus se dirige ao discípulo com dificuldade para crer, com as seguintes palavras:
— Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia. (João 20.27)
Tome fez uma extraordinária declaração de poucas palavras extasiadas:
— Deus meu e Senhor meu. (João 20.28)
As dúvidas se foram. Tome esperou aquele encontro com Jesus para crer em Jesus.
Então, Jesus lhe ensina:
— Porque me viu, você creu? Felizes ("bem-aventurados", como no sermão do Monte) os que não viram e creram. (João 20.29)
Quem são estes que não viram e creram?
São alguns contemporâneos de Jesus, que não viram pessoalmente a Jesus ressurreto, mas creram nos testemunhos dos que viram.
São os leitores do evangelho de João, postados na história algumas décadas depois da ressurreição de Jesus, que, tendo lido, creram, embora não tenham visto.
São os leitores dos evangelhos ao longo da história e que creram em Jesus como Salvador e Senhor.
Somos os que cremos. Felizes somos porque cremos. Quem crê em Jesus é feliz.
Então, eu me lembro daqueles que dizem: "Se Deus me aparecer pessoalmente, crerei nele".
Jesus já apareceu e os evangelhos estão cheios de Jesus. As dúvidas possíveis foram dos seus contemporâneos e ficaram respondidas.
Você tem alguma dúvida sobre o nascimento, a vida, a morte, a ressurreição de Jesus? Leia os evangelhos.
Leia os evangelhos, com a história de Jesus.
Leia os evangelhos, com as histórias que Jesus conta.
Leia os evangelhos, com os ensinos de Jesus.
Leia os evangelhos, com o sacrifício de Jesus.
Leia os evangelhos, com a ressurreição de Jesus.
Leia os evangelhos, com a promessa de que está vivo e voltará. Só então o destino da história será selado.
Leia os evangelhos, porque ali está selado o destino da sua história, nesta vida e a na próxima.
Leia e creia, como os discípulos creram.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO