Saudade é “arrumar o quarto do filho que morreu”
(Chico Buarque de Holanda).
Saudade é “trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lamentações 3. 21).
Ó Deus, Pai de Amor e Bondade! Amanheceu e logo me dispus em meu coração a vir a este lugar onde a minha esperança se renovou como o orvalho da manhã; as lágrimas de meus olhos secaram e o meu pranto se converteu em júbilo; minha alegria entremeou-se com a saudade.
Ouço canções de louvor. Elas reconstituem a glória de um passado que habita minha consciência.
Minha memória volta no tempo… Vejo os rostos daqueles heróis que semearam a boa semente do evangelho e pavimentaram a estrada para que eu pudesse caminhar com segurança.
Eles falavam com facilidade de Ti e irrompiam em oração sem aviso-prévio; caíam de joelhos em quebrantamento e se levantavam para servir.
Seus lábios sempre tinham um novo cântico, embora a canção fosse a mesma.
Lembro-me que muitas vezes estive a desesperar-me da vida e a entregar-me a paixões fortuitas, mas delas fui demovido pela força da Tua Palavra expressa em poesias e canções de pessoas que me amaram mesmo sem me conhecer.
Hoje, meus olhos contemplam o cenário que abriga as lembranças de um romance sagrado. Vejo aqueles que não me viram…
Suas poesias saltam das páginas do hinário e adentram o meu coração como flechas velozes, aprofundando ainda mais minha saudade… Doce saudade!
Como jambuzeiro bravo que não dava bom fruto, eu fui enxertado na Oliveira, tornando-me um participante da morte e da ressurreição de Jesus.
Ó, Senhor! Não foi sem razão que Teu Filho Jesus estimulou a saudade-lembrança quando deixou-nos o legado da Santa Ceia: “Fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11. 24).
Senhor… Que doce saudade!
EURÍPEDES DA CONCEIÇÃO