COMO CRIANÇAS (Richard José Vasques)

Ontem à tarde fui até o centro da cidade do Rio de Janeiro para resolver um assunto importante. Sempre que vou até lá, uso o Metrô, por ser um transporte que me dá maior mobilidade, menor desgaste e otimização de custo. Saí da estação terminal Saens Peña, na Tijuca. Duas estações à frente entraram uma senhora com três crianças, duas meninas e um menino. Todas com idade em torno de sete anos.

Elas faziam a maior festa. Tudo era novidade. Experimentavam tudo: encostar-se à parede do vagão, segurar naqueles tubos que têm essa função, tentar ficar soltas sem se segurar em nada, correr de um lado para o outro, e por aí vai. Sempre sorrindo e conversando umas com as outras. Não paravam um minuto. A senhora que estava com elas procurava alertar para eventuais situações de perigo, com muito carinho.

Num determinado momento, dois lugares do meu lado ficaram vazios e as três crianças vieram sentar-se ali. Continuaram conversando e rindo. Tudo estava bem, elas curtiam cada momento e uma à outra. Sem reservas, a alegria e a comunicação fluíam espontaneamente.  Comecei a observar e a pensar: “Por que nós não agimos assim?” Sempre temos muitas reservas e muitas vezes nos “podamos” de usufruir determinadas situações colocadas diante de nós.

No meu pensamento comecei a lembrar que Jesus disse que temos de nos fazer como crianças para recebermos e entrarmos no Reino de Deus (Marcos 10.14-15). Fiz alguns paralelos com relação à minha forma de proceder e de encarar algumas situações. O trem chegou à estação em que eu iria descer. Saí e fui ao meu compromisso. Voltando para casa, aquela imagem vivida no vagão do Metrô continuou em minha mente.

Cheguei em casa. Depois de ajustar algumas coisas relativas ao trabalho, peguei o livro que estou lendo “O Poder de uma vida de Oração” para continuar a minha leitura, a partir do capítulo 3. Na folha anterior ao início desse capítulo está apresentado o seguinte título, para o que o autor chamou de Parte 1 (que cobre os capítulos de 3 a 8): “Aprendendo a orar como criança.” Para completar a relação direta do trem com o livro, os capítulos 3 e 4 têm os seguintes títulos, respectivamente: “Torne-se como uma criança”, e “Aprenda a conversar com o Pai”.

Concluí que Deus está me dando um toque para aprender com as crianças e agir como elas, quando necessário. Não me bloquear. Como criança. Ontem vi também o último programa da Oprah Winfrey, que existiu por 25 anos. Nesse programa foi destacado um fato de homens que sofreram abusos sexuais quando crianças (200 homens se apresentaram no programa com suas fotos quando crianças), enfatizando “a criança que existe dentro de nós e o trauma que ela carrega”.

Fiz então um paralelo: existe uma criança dentro de nós. Isso pode significar que sabemos agir como crianças (pureza, desinteresse, amizade, amor, carinho, solidariedade, falar do jeito que falamos – sem máscara). Quantas vezes colocamos uma máscara para mostrar exatamente o que não somos. Creio que é o momento de refletirmos sobre como estamos agindo. Com máscara ou sem máscara? Estamos sendo nós mesmos? Nos divertimos e agimos como crianças, quando pertinente? Grande abraço, boa semana.

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