LARANJA COM BANANA

Leio na linda tradução de Eugene Peterson (A Mensagem): “Estejam certos de que quando falamos a vocês não estávamos procurando aprovação humana — apenas a aprovação divina” (1Tessalonicenses 2.3-5).
Ao defender o seu trabalho, em que tem de falar sobre si mesmo, o apóstolo Paulo nos dá um admirável conselho: nossa vida não deve ter como algo receber a aprovação das pessoas, que hoje nos aceitam, se lhes agradamos, e amanhã, nos rejeitam, se lhes desagradamos. O desafio é necessário porque a comparação faz parte da maioria dos nossos estilos de vida. Comparamos nossos bens, comparamos nossos títulos, comparamos nossos músculos, comparados nossas velocidades. Quando nos achamos superiores àqueles com quem nos comparamos, nos sentimos felizes… até sermos comparados e colocados um degrau abaixo.
Não! Eis o que importa: Deus nos aprova.
Quanto mais gente conheço, mais noto que todas as pessoas (o que é triste, por me incluir) precisam ser aceitas. Pais que não demonstram que amam são percebidos como pais que não amam. Filhos que percebem que seus pais não o amam carregam este peso para sempre.
Conto uma experiência de amigo, por ele autorizado, para mostrar a responsabilidade dos pais. Criancinha, tentava ele aprender a andar de bicicleta. No dia em que aprendeu, sozinho, saiu em disparada e ofegante, para contar à sua mãe, que não lhe deu importância porque estava ocupada. Esta é a primeira lembrança que meu amigo guarda. A atitude de sua mãe, recebida como rejeição, gerou nele, apesar das terapias que fez, um padrão de comportamento que o leva a não terminar os seus projetos.
Não por acaso (Deus nada faz por acaso), toda a história da graça se resume em que Deus nos ama incondicionalmente, ao ponto de fazer o que fez para que tenhamos uma vida que vale a pena.
Uma boa maneira de viver o Evangelho é a aceitar a radicalidade do amor de Deus.
Uma outra maneira é parar radicalmente com esta mania de comparar, de nos comparar com os outros ou de comparar os outros conosco.
Deus nos fez singulares. Compararmo-nos uns aos outros é como comparar laranja com banana.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO