Queremos ter o que o outro tem, porque nos comparamos com ele e nos achamos em falta. A inveja nasce do déficite de autoestima. Se, como imaginamos, os que têm são aceitos, queremos ter.
A inveja faz do trabalho um fardo. Não trabalhamos por vocação ou por missão, apenas pelo dinheiro, com o que (achamos que) poderemos comprar o que o outro tem.
Queremos ter o que o outro tem, porque nos deixamos ensinar a desejar o que não deveríamos querer, pois o que importa é ver o filme que todos vêm, usar a roupa que todos ostentam, frequentar o restaurante onde todo mundo está e viajar para os destinos que muitos vão.
A inveja nos obriga a ser elogiados e, para sermos elogiados, todos precisam saber que nós também temos, mesmo que com isto tenhamos que renunciar à privacidade, com que até ontem tanto almejávamos.
A inveja é atitude de pessoas inferiores, que precisam do outro como espelho para se acharem bonitas.
É por essa nossa inferioridade que até hoje ecoa o antigo mandamento: "Não cobicem!" (Êxodo 20.16).
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
