Enquanto escrevo este texto, estou viajando. Observando a estrada e as coisas lembrei-me de uma aula de geometria. Praticamente tudo é matemático. As formas das casas, a frequência das ondas do mar, a velocidade, a estrada etc. Nossa vida é rodeada por formas, por ordem e isso reflete também na música que cantamos nos cultos dominicais e no tratamento ministerial.
Fico a pensar que podemos, regidos pela matemática, massacrar os outros por uma ordem que muitas vezes não passa de uma referência cultural. Podemos refletir então não em uma apologia à mediocridade mas no que de fato Jesus deseja que façamos quanto a ordem das coisas.
Ao falar com a samaritana (João 4), Jesus defende o caos e não a matemática. Ela queria a resposta da ordem: “Senhor adoraremos aqui ou lá?” Mas Jesus queria o caos: “Em espirito e em verdade.” O caos que Jesus se refere é interior e é promovido pelo encontro com o criador.
Como podemos às vezes ser tão matemáticos se o encontro com o Senhor move nossas entranhas? Ai de mim e eis me aqui! Foi a fala de Isaías. Eis-me aqui! Também foi a fala de Moisés ( Êxodo 3) ao se deparar com a sarça que nao se consumia.
Pela ordem e por gostos pessoais maltratamos as pessoas que ainda tomam o leite espiritual. Somos implacáveis, não permitimos erros sem questionar grosseiramente, impomos nossas vontades, somos pouco ensináveis e queremos ensinar sem saber.
Creio que Jesus deseja a ordem mas ela deve estar em meio ao caos. Assim como os átomos são caóticos e o universo material é ordeiro.
Nossa música, nosso tratamento com o irmão companheiro de fé devem ser ordeiros por meio do caos interior promovido pelo encontro com o Senhor.
O reconhecimento dos atributos de Deus provoca em nós um caos tal que nos impulsiona a mudar nossa forma de pensar e agir. Podemos ser firmes e pacíficos, perseverantes e amorosos, dedicados ao trabalho mas ouvintes das pessoas, o caos é isso. É ficar tão transtornado com a santidade de Deus, sua bondade e seu cuidado que passamos a desejar ter o caráter de Jesus em nosso viver, logo, isso vai refletir no tratamento com as pessoas e na organização das coisas.
Assim, por vezes, vemos o quanto nos preocupamos com mesquinharias e deixamos de cumprir de fato a missão. Com o coração caótico pela presença de Deus lideramos e adoramos em espirito e então… de verdade.