OS ESFOMEADOS DE BERÉIA (Sylvio Macri)

 No livro de Atos, o escritor Lucas conta a história do início do trabalho missionário na cidade de Beréia, situada na antiga Macedônia. Paulo tinha vindo de Tessalônica, de onde saíra às pressas, por causa da perseguição, mas chegando em Beréia encontrou um clima completamente diferente, pois os seus ouvintes “eram mais nobres que os Tessalônica, porque receberam a palavra com toda a avidez, examinando diariamente as Escrituras, para ver se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).
 
Novamente encontramos a idéia, freqüente na Bíblia, de receber a Palavra de Deus como se recebe um alimento. Notem a palavra avidez no texto acima. O dicionário diz que avidez é a qualidade do que éávido, do latim avidu, que significa: sôfrego, sequioso, esfomeado, voraz, que deseja veementemente. Quer dizer, os bereanos buscaram a Palavra como quem está com muita fome e sede, como quem tivesse acabado de chegar de um lugar flagelado pela seca, como fala, de maneira figurada, o profeta Amós (Am.8:11).
 
Conhecendo as Escrituras por lê-las diariamente, pois eram judeus, entretanto surpreenderam-se prazerosamente com a interpretação dadas a elas por Paulo, pois este usava a Bíblia que eles conheciam, o Velho Testamento, para aplicá-la a Jesus e à sua obra de redenção e salvação. Eles consideraram a pregação do apóstolo como se fosse um grande banquete; estava posta uma grande mesa com as mais finas iguarias, das quais podiam servir-se à vontade.
 
E não se fizeram de rogados, revelando um grande apetite pela Palavra. Eles “provaram que o Senhor é bom” (I Pd.2:3 – o sentido aqui é de degustar, provar pelo paladar) e “se deliciaram com a mais fina refeição” (Is.55:2 – tradução NVI).
 
Pois é assim que devemos tratar a Bíblia: como o mais precioso de todos os alimentos, porque sacia a sede e a fome do nosso espírito e do nosso intelecto. Que haja em nós a mesma avidez dos bereanos, uma avidez diária e insaciável, que nos leve a ler, examinar e conferir a Palavra, crer nela e ser transformados por ela.