BOM DIA: A teologia pode matar, 6

Crescemos mas Deus continua do tamanho dos nossos infundados temores infantis.
Desde então, imaginamos que Deus olhos que tudo vêem, de modo que o nosso pecado não se lhe escapa. Adultos, acabamos percebendo Deus como possuidor de um poderoso radar que busca motoristas em excesso de velocidade, pois Seu prazer é nos multar.
Diferentemente aprendemos sobre outro Deus até mesmo no Antigo Testamento. Quem diz que "os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem e vêem todos os seus passos" (Jó 34.21) não é um Jó confiante, nem um Deus poderoso, mas Eliú, no interior de sua teologia. Praticamente todas as expressões na Bíblia contendo "olhos do Senhor" são para promover a fé saudável, não para impor o medo de Deus. O salmista descansa por estar sob estes olhos:

"Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem,
sobre os que esperam na sua misericórdia,
para livrar-lhes a alma da morte
e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida".
(Salmo 33.18-19)

Apesar disto, podemos desenvolver a ideia de que Deus está mais interessado em nossa santidade do que em nossa felicidade.
Não inventamos esta ideia. Ela pode ter origem nas "boas" intenções dos nossos pais que, para nos "educar" inocularam em nós o medo do castigo de Deus até por coisas com as quais Deus não se importa (como piercing ou jogo de futebol).
Essa ideia pode estar na maneira como lemos o Antigo Testamento. De fato, o antigo testamento é bilateral; o testador (Deus) está desobrigado a cumprir a sua parte se o testado falhar nas condições fixadas previamente. Quando percorremos as páginas do Antigo Testamento, vemos que, apesar da falha de Israel, Deus continuou a amá-lo; o testamento continuou em vigor. Tanto que o novo testamento não anulou o antigo, porque o aperfeiçoou. A aliança era condicional, mas Deus continuou incondicional em sua fidelidade.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO