Série Fé para Hoje: MINISTÉRIO DA PALAVRA (Oswaldo Jacob)

Inicio esta reflexão com um pensamento que tem me acompanhado por vários anos. “Deus não chamou homens extraordinários para um trabalho comum, mas homens comuns para um trabalho extraordinário”. Esta é a minha percepção do ministério a partir de uma convicção quanto ao chamado de Deus. Aprecio muito a experiência do profeta Isaias quando do seu chamado profético. “Ai de mim! Estou perdido; porque sou homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6. 5).  O ministério pastoral e profético se reveste de um compromisso muito sério diante de Deus e dos homens. Ser ministro do evangelho significa pagar o preço do sacrifício, da transparência, abnegação  e do compromisso com o Senhor e com o Seu povo de forma profunda e abrangente. O ministério da Palavra exige uma resposta caracterizada por temor e tremor. Não é possível ser ministro sem o chamado do Senhor. O ministério é para homens que querem fazer toda a vontade de Deus, o Pai, à semelhança de Jesus, o Filho. Todo o ministério da Palavra está centrado na Pessoa de Cristo. Jesus indagou a Pedro acerca do amor deste por Ele. “Amas-me? Apascenta as minhas ovelhas” (João 21.15-17). Esta indagação revela muito bem a seriedade do ministério de liderar o povo de Deus. Paulo testemunhou para os presbíteros ou pastores de Éfeso o seu compromisso com o Senhor ao dizer: “Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.“ (Atos 20.24). Quem é idôneo para o ministério? Na verdade, só podemos ser ministros pela graça de Deus. Neste ponto, entendemos a afirmação muito lúcida do apóstolo Paulo em 1 Corintios 15.10: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a Sua graça para comigo não foi ineficaz. De fato, trabalhei muito mais que todos eles, todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo”.
    Há quatro características presentes no ministro da Palavra: Ser verdadeiro; Digno de confiança; Positivo e Paciente (Dever, Mark – Nove Marcas de Uma Igreja Saudável, Fiel, 2007). Falar sempre a verdade (transparência). Inspirar confiança. Integridade de caráter. Ser sempre positivo. Não mascarar. Mostrar quem é. Exercitar a paciência nos relacionamentos. O Senhor Jesus possuía estas características bem visíveis e perceptíveis. Diante dos religiosos e dos párias da sociedade, o Mestre sempre revelava quem era. A Sua vida sempre foi um exemplo de verdade, confiança, positividade e paciência. Jesus sempre foi o nosso exemplo de Pastor bem sucedido. Ele alimentou e deu a Sua vida pelas ovelhas. Quando fazemos uma leitura da vida de Cristo percebemos de forma muito clara a Sua disposição em servir o Pai, servindo às pessoas (Mt 20.28). Jesus estava comprometido com o ministério de  buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). Ele não tinha interesse em sistema religioso, mas em pessoas. Não estava ligado a liturgias mecânicas, mas em relacionamentos saudáveis a partir do Seu amor. O Senhor não estava comprometido com tradição, mas com o evangelho da graça. Ele veio para os doentes e não para os que se acham sãos, para os cansados e oprimidos, para os fracassados e alijados pela sociedade. O ministro da Palavra deve ser como o Senhor Jesus, nosso Pastor Supremo.
    Neste contexto de abordagem do ministério da Palavra, é relevante ressaltar as considerações de nossa Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. “Todos os crentes foram chamados por Deus para a salvação, para o serviço cristão, para testemunhar de Jesus Cristo e promover o Seu reino, na medida dos talentos e dons concedidos pelo Espírito Santo (Atos 1.8; Rm 1.6,7). Entretanto, Deus escolhe, chama e separa certos homens, de maneira especial, para o serviço distinto, definido e singular do ministério da Sua Palavra (Mc 3.13,15; Gl 1.15-17). O pregador da Palavra é o porta-voz de Deus entre os homens (Êx 4.11,12; Jr 1.5-10; At 20.24-28). Cabe-lhe missão semelhante àquela realizada pelos profetas do Antigo Testamento  e pelo apóstolos do Novo Testamento, tendo o próprio Jesus como exemplo e padrão supremo (João 13.12-15). A obra do porta-voz de Deus tem uma finalidade dupla: a de proclamar as Boas-Novas aos perdidos e a de apascentar os salvos (Ef 4.12-16). Quando um homem é convertido dá evidencia de ter sido chamado e separado por Deus para esse ministério, e de possuir as qualificações estipuladas nas Escrituras para o seu exercício, cabe à igreja local a responsabilidade de separá-lo, formal e publicamente, em reconhecimento da vocação divina  já existente e verificada em sua experiência cristã (At 13.1-3; 1 Tm 3.1-7). Esse ato solene de consagração é consumado quando os membros do presbitério  ou concilio de pastores, convocados pela igreja, impõem as mãos sobre o vocacionado (At 13.1-3; 1 Tm 4.14). O ministério da Palavra deve dedicar-se totalmente à obra para a qual foi chamado, dependendo em tudo do próprio Deus (2 Tm 2.3,4; 4.2,5). O pregador do evangelho deve viver do evangelho (Mt 10.9,10; 1 Tm 5.17,18). Às igrejas cabe a responsabilidade de cuidar e sustentar adequada e dignamente seus pastores (2 Co 8.1-7; Fil 4.14-18).”
    Sejamos ministros da Palavra fundamentados nas Escrituras. A confiança do ministro do evangelho não está no homem, mas em Deus. A promessa do Pai é de ampla suficiência. Um pastor na sua simplicidade do campo disse: “Nós cuidamos do povo de Deus e Deus cuida de nós”. Esta convicção é fruto de confiança na fidelidade de Deus. Os homens mais usados por Deus foram os que mais dependeram dEle. A vida do ministro é uma vida de fé na Palavra. Na verdade, fé é confiar na Palavra de Deus. Deus falou, tá falado. Ele prometeu estar conosco todos os dias até à consumação dos séculos (Mt 28.20). Que sejamos ministros convictos do chamado de Deus e da Sua ampla suficiência. Servir o Senhor no ministério da Palavra, creio, é a maior de todas as honras. O que Deus requer de nós é fidelidade a Ele no exercício do Seu ministério. Fomos chamados para pregar o evangelho, edificar os crentes e glorificar a Deus. Sejamos homens de oração e de ação em Cristo Jesus, o nosso modelo pastoral. Ele andava por toda a parte fazendo o bem (At 10.38). Sejamos ministros da Palavra e de palavra fazendo toda a diferença neste mundo onde há tantos pseudos ou falsos ministros. Que o nosso norte, alvo seja sempre o Senhor Jesus Cristo. Que o ministério que recebemos seja, acima de tudo, para a Glória de Deus, nosso Pai!