Natal 2011, hora do almoço. Andando pelas ruas do meu bairro no Rio de Janeiro com destino à casa da minha sobrinha para o “enterro dos ossos”, deparamos na calçada com um jovem senhor. Ele estava sentado junto ao muro de uma residência com uma mala de tamanho grande ao seu lado. A mala estava aberta, provavelmente continha suas roupas e também um prato de comida que lhe servia de alimento naquele momento. Fomos ao nosso encontro e voltamos no final da tarde. Ao passarmos novamente por aquele local, lá estava aquele senhor; olhou-nos meio “entre – olhos” e eu lhe disse: “olá”. Ele respondeu de forma mansa.
Continuamos nossa caminhada de volta pra casa. Comecei a pensar: “o que será que houve com esse jovem senhor? Saiu de casa? Foi colocado para fora da sua casa? Foi despejado? Está desempregado e não pode pagar o seu aluguel ou a prestação da sua casa?” Não sei a razão de ele estar ali com a sua mala, contendo talvez o que foi possível trazer consigo. Mala nova. Continuei pensando: “o que eu faria se estivesse no lugar dele?” Ir “morar” na rua! Interessante o meu espanto, pois milhares já vivem essa realidade.
O que eu faria? Essa pergunta pode ter duas direções: quando a faço para mim e quando a faço em relação à outra pessoa. Primeira possibilidade: o que eu faria se eu estivesse na situação daquele senhor, tendo de ir morar na rua? Segunda possibilidade: o que eu faria, ou deveria ter feito, em relação àquele senhor? Que ação poderia tomar para ajudá-lo? Geralmente perguntamos, mas não fazemos nada. Foi o que eu fiz: nada. Aí me lembrei das palavras de Jesus em Mateus 25.31-46, na versão de “A Mensagem”:
“Quando finalmente vier, numa aura de resplendor, e seus anjos com ele, o Filho do Homem irá assentar-se em seu trono glorioso. Todas as nações estarão diante dele, e ele irá separar o povo, como o pastor separa as ovelhas e os bodes – aquelas à sua direita, estes à sua esquerda. O Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Entrem, vocês que são abençoados por meu Pai! Tomem posse do que está reservado para vocês no Reino desde a fundação do mundo. E esta é a razão: Eu estava com fome, e vocês me alimentaram; eu estava com sede, e vocês me deram de beber; eu estava sem casa, e vocês me deram um quarto; eu estava com frio, e vocês me deram agasalho; eu estava doente, e vocês me visitaram; eu estava preso, e vocês vieram me ver.”
“Então, as ‘ovelhas’ vão dizer: ‘Mestre, do que estás falando? Quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, sedento e te demos de beber? E quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar? ‘O Rei dirá: ‘Afirmo esta verdade solene: toda vez que vocês fizeram essas coisas a algum marginalizado ou excluído, aquele era eu – estavam ajudando a mim.”
“Depois ele se voltará para os ‘bodes’, à sua esquerda, e dirá: ‘Saiam, seus inúteis! Vocês não prestam para nada, a não ser para o fogo do inferno. E sabem por quê? Porque eu estava com fome, e vocês não me deram comida; eu estava com sede, e vocês não me deram de beber; eu estava sem casa, e vocês não me deram uma cama; eu estava com frio, e vocês não me agasalharam; eu estava doente e preso, e vocês não me visitaram.”
“Os ‘bodes’, então, dirão: ‘Mestre, do que estás falando? Quando foi que te vimos com fome, com sede, sem teto, com frio, doente ou na cadeia e não te ajudamos?’ “Ele responderá:’Afirmo esta verdade solene: toda vez que vocês deixaram de fazer uma dessas coisas a algum marginalizado ou excluído, aquele era eu – deixaram de ajudar a mim. “Então os ‘bodes’ serão conduzidos à condenação eterna, mas as ‘ovelhas’ à recompensa eterna.”
Temos sido ‘ovelhas’ ou ‘bodes’? Com relação a essa passagem das Escrituras, lembrei-me também do filme chamado “Corrente do Bem”, lembram-se dele? O menininho “mandou ver”. Para meditar a respeito.
Voltando à primeira possibilidade: “o que eu faria se eu estivesse nessa situação”, veio-me à mente as palavras do apóstolo Paulo em Filipenses 4.11-13, também na versão de “A Mensagem”: “De fato, pelo que me consta, não preciso de nada. Já aprendi a estar contente, a despeito das circunstâncias. Fico satisfeito com muito ou com pouco. Encontrei a receita para estar alegre, com fome ou alimentado, com as mãos cheias ou com as mãos vazias. Onde eu estiver e com o que tiver, posso fazer qualquer coisa por meio daquele que faz de mim o que sou.”
Conclusão: firme com Jesus em qualquer situação. Desafio para praticarmos. Também não podemos esquecer as palavras do Senhor a Paulo: “Minha graça é o bastante; é tudo de que você precisa. Minha força brota da sua fraqueza.” (2ª Coríntios 12.9a). Tem sido assim conosco? Temos tido essa consciência? Mais um ponto para nossa reflexão e prática. Que em 2012 possamos ter uma postura diferente em relação a isso e saibamos o que devemos fazer. Além disso, que façamos o que devemos fazer. Deus o abençoe e oriente.
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