Cooperação e participação – dois princípios vitais (Sylvio Macri)

cooperação e participação – dois princípios vitais
 
Cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Nele o corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a correta atuação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo no amor.” (Ef. 4:15,16).
 
Definindo cooperação e particpação
 
Cooperação é o ato de cooperar, verbo que significa “trabalhar com”, isto é juntar as nossas ações de trabalho com as de outras pessoas. Como se pode ver é um ato que exige a participação de, no mínimo, duas pessoas. Participação é o ato de participar, cujo sentido é “ter ou tomar parte em alguma coisa”. Explicando melhor, podemos dizer que é integrar um grupo ou comunidade, associar-se a uma instituição, ser membro de uma equipe ou time. É um ato que pressupõe a cooperação entre várias pessoas. É exatamente isto que diz o texto acima, a respeito da igreja. Entre as várias traduções da Bíblia que temos em português, uma delas traz a expressão “segundo a justa cooperação de cada parte”. É que Paulo está usando a figura do corpo humano para ensinar sobre a igreja, corpo no qual a cabeça é Cristo e nós somos as demais partes. Devemos trabalhar em conjunto com justeza, cada um fazendo a sua parte corretamente. 
 
Para funcionar de maneira saudável e completa, o corpo humano necessita da cooperação e participação de todas as suas “peças”. Por exemplo, para que possamos segurar qualquer objeto, é preciso que os olhos o reconheçam, que o cérebro tome uma decisão e dê uma ordem aos braços e às mãos. Trata-se de uma operação complexa, que envolve a memória, a vontade, a coordenação motora, o tato, a força física, etc. Cooperação e participação são absolutamente necessárias numa igreja de Cristo, principalmente numa igreja pequena, pois nela torna-se muito mais visível a sua falta. Se as pessoas se recusam a cooperar e participar, ou simplesmente se omitem, isso é imediatamente notado, torna-se um fator negativo e o prejuízo para a coletividade é muito grande. É comum haver funções que apenas uma ou duas pessoas executam. Se elas falham aquela função deixa de existir. Cooperação e participação são a força da igreja. Trata-se da sua maior necessidade como grupo. São muitos os aspectos desses princípios que devem ser inerentes a qualquer comunidade, quanto mais a uma igreja de Cristo que, como ele mesmo definiu, deve funcionar do mesmo modo que o corpo humano.
 
A cooperação e a participação são o antídoto contra a paralisia da igreja
 
Assim como os seres humanos, que são naturalmente tendentes à acomodação e ao sedentarismo, e por isso são diariamente advertidos pela mídia quanto aos riscos que isso representa, também a igreja se inclina para a acomodação, para a inatividade, para uma rotina paralisante, que traz sérios riscos à sua saúde e desempenho, por afetar seu crescimento e sua produtividade. Apesar da comparação que consideramos perfeita, ao contrário do corpo humano, a igreja nunca deve parar de crescer e produzir. Nesse aspecto vale uma outra comparação que Jesus usou, que é a figura da videira. A videira é também um organismo vivo, sempre em crescimento e que precisa ser tratada, estar em plena forma, para produzir seus frutos.
 
A igreja de Cristo, principalmente uma igreja pequena, precisa ser despertada para a necessidade e para os benefícios da cooperação e da participação, e para o perigo que representam a paralisia e a inatividade, pois estas últimas geram atrofia e improdutividade, o que finalmente levará à estagnação. É preciso mexer com cada membro da igreja a fim de que saia da sua eventual letargia e passe a trabalhar à maneira das formigas e das abelhas. Esses pequeninos animais irracionais, por sua própria constituição genética, só trabalham em comunidade e só assim sobrevivem. Os membros da igreja, por serem racionais e terem vontade própria, precisam ser persuadidos dessa grande verdade: o trabalho em conjunto e a responsabilidade pelo grupo também estão no código genético espiritual do cristão. Assim como as comunidades formadas por pequenos e operosos insetos, como as formigas e as abelhas, a igreja somente sobreviverá através da cooperação e da participação.
 
Quem? A igreja ou você?
 
Dentro dessa questão devemos considerar um problema sempre presente em todas as igrejas, em maior ou menor grau. Trata-se daquelas pessoas que, estando desanimadas por alguma razão, querem culpar a igreja; das que, discordando de algo que está sendo realizado, começam a fazer críticas indiscriminadas; ou daquelas que, desejando ver mais atividade entre os irmãos, perdem a paciência porque o que esperam ver não acontece; ou, ainda, das que, enfrentando problemas pessoais, sentem-se carentes do apoio dos demais. 
 
E assim, ouve-se frases como estas: “Esta igreja é muito desanimada”; “Nesta igreja está tudo errado”; “Nesta igreja não acontece nada”; “Os membros desta igreja não cuidam uns dos outros”. Essas e outras frases têm um defeito comum: são generalizações, isto é, transformam um problema particular e localizado em algo geral, envolvendo todo mundo.     
 
Por isso, a pergunta acima, “Quem? A igreja ou você?”, que implica em outras perguntas que fazemos a seguir.
 
1. “Onde está o problema? Em você ou na igreja?”
 
Não seria você que estaria desanimado? Não seria você que estaria tentando impor aos outros algo que eles não aceitam? Não seria você que estaria tentando ditar um ritmo de atividade que é totalmente diferente do ritmo dos demais irmãos? Por acaso não foi você que deixou de compartilhar seus problemas e ficou esperando que os irmãos os adivinhassem?
 
2. “Quem é a igreja para você?”
 
A igreja é um grupo do qual você pode tomar uma boa distância e olhar de longe, como se fosse gente estranha? A igreja é um clube, onde você é sócio-proprietário, e com o qual não tem grandes compromissos, a não ser contribuir periodicamente e comparecer de vez em quando? A igreja existe só para servir você e satisfazer você em todas os seus desejos e necessidades?  
 
3. “Quem é você para a igreja?”
 
Você é assíduo, pontual e participante, ou falta muito, nunca chega na hora e quando vai, não se interessa por nada? Você vai a todas as reuniões e toma parte de todas as atividades ou faz parte somente daquilo que o atrai? Você é dizimista e contribui para missões ou nunca ninguém viu a cor do seu dinheiro? Você ora e se interessa pelos outros, ou não tem tempo para isso?
 
Quem é você na igreja? Um membro que coopera e participa ou um corpo estranho?
 
Pr. Sylvio Macri