O DESABAFO DE UM PASTOR (Oswaldo Jacob)

Pela graça de Deus estou completando hoje 12 anos na liderança da Segunda Igreja Batista em Barra Mansa. Sou o pastor que está aqui por mais tempo. Mérito? Não. Performance ou competência? Também não. Experiência? Muito menos. Somente pela manifestação da maravilhosa graça de Deus em Cristo Jesus. “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça para comigo não foi ineficaz”. (1 Co 15.10a). Esse período na liderança da amada igreja lembra o inicio da adolescência com suas transformações no corpo, na voz e nas emoções. Um tempo de crescimento rumo à maturidade. Sinto que a minha liderança está na adolescência, no florescer de uma vida de turbulências, crises e consequente crescimento, pois este período da vida está entre a criança e o jovem-adulto. Não é mais criança e nem adulto. O seu traço distintivo é o crescimento. Então, devemos crescer na graça e no conhecimento de nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Dizem que as árvores mais fortes e firmes são aquelas que suportam as grandes tempestades, pois à medida em que ocorrem as tempestades ela é açoitada pelos ventos e suas raízes se aprofundam.
    Nestes doze anos, enfrentamos muitas lutas juntos. Perdemos e ganhamos juntos. Tenho consciência de que a minha liderança enfrenta pessoas descontentes e de forma velada. Creio que toda a liderança é assim, pois Jesus também as enfrentou. Eles nunca falam comigo. Sabemos que há muita hipocrisia em nossas igrejas e na nossa não é diferente. Nestes doze anos de caminhada, pessoas chegaram, outras saíram e outras morreram. Todas têm o seu valor. E o que é mais bonito nesta história entre o pastor e a Igreja é que há pessoas sinceras, leais, amorosas, simpáticas, serviçais, íntegras, santas e conscientes de sua participação como membros da igreja de forma plena. Também, o fato de eu ter consciência de minhas limitações, meus erros. E quantas lutas interiores!
    Neste tempo, tenho notado pessoas apáticas, passivas, rancorosas, nervosas e murmuradoras. Todas precisam ser amadas. Há membros de igreja que não são simpáticos, agradáveis e nem hospitaleiros. Outros criticam tudo. Outros estimulam a crítica ferina, a insatisfação e não mostram a cara. Não têm coragem de dizer quem são. Costumo dizer que prefiro mil vezes um grosso sincero a um educado hipócrita. Melhor ainda, um educado sincero, pois a sinceridade é marca o caráter cristão. Saber com quem você está lidando é um bálsamo. Crescemos com pessoas sinceras. Elas nos fazem muito bem. Essas pessoas geralmente são facilitadoras e dispostas a darem a sua contribuição decisiva no contexto, seja da organização ou do organismo.
    Sonho em ver a Igreja crescer na visão de Reino. Na implantação das células evangelísticas e de comunhão. Ver os irmãos se amando sem acepção, sem grupinhos. Quase todos dizimistas e ofertantes que o façam sempre para a glória do Senhor, expansão do Seu Reino e libertação do apego às coisas materiais. Sofro quando vejo crente imaturo, piegas, ‘sensível’ (qualquer coisa que fala já se aborrece), que gosta de ser bajulado, desleal, ingrato e infiel. São atitudes e atos incoerentes com a fé que dizem ter.  Não sei quanto tempo o Pai planejou para eu ficar a frente da Igreja. Só Ele sabe. Que vocês e eu possamos dar o melhor de nós. Juntos, busquemos a excelência em tudo o que fizermos. Oremos intensamente, trabalhemos ostensivamente afim de que sejamos uma Igreja que ore e trabalhe para ser um hospital para pecadores e não um museu para santos.
Um abraço fraterno com Jeremias 3.15: “E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos guiarão com conhecimento e discernimento”.