Não é comum registrarmos as coisas. Parece que não gostamos de escrever; exceção feita é claro, aos escritores. Você pode observar a ocorrência de alguma coisa, comentar sobre ela, mas dificilmente se preocupará em fazer um registro dessa ocorrência. Já foi comentado? Então está ótimo! Ficou no passado. Para que mais isso poderá nos servir? Já disseram que aprendemos muito com o passado. Experiências semelhantes às quais vivemos podem já ter sido vivenciadas por outras pessoas, e o compartilhamento delas poderá nos ajudar a superar momentos difíceis.
Estou aprendendo a fazer um registro diário do meu momento devocional. Já citei o livro escrito pelo Pr. Bill Hybels da Willow Creek Community Church, localizada em Chicago (USA): “Ocupado demais para deixar de orar” (www.hagnos.com.br). Nesse livro, ao sugerir que adotemos a escrita de um diário, com base no descrito no livro “Ponha ordem no seu mundo interior” de Gordon MacDonald, ele diz que isso ajuda na redução da nossa velocidade. Dizemos que vivemos “a mil por hora (1000 km/h)”, e isso geralmente nos traz grandes transtornos.
Um carro de corrida anda a 10.000 rotações por minuto (RPM) e um motor normal a 4.000 RPM. Nossas atividades diárias geralmente sugerem que aumentemos nossas rotações para mais de 10.000 RPM logo de manhã, e que isso dure o dia todo, até despencarmos em nossa cama. Resumindo: não temos tempo pra nada, o dia é sempre curto, e temos de sempre trabalhar em alta pressão. Dentro desse quadro como é possível “se aquietar” (Salmo 46.10: “aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”) para refletir sobre a sua vida e ter um relacionamento com Deus?
Bill diz que temos que reduzir nossa velocidade para 500 RPM para termos esse momento de relacionamento com o Pai. Segundo ele, o fato de você começar a escrever o seu diário (e a sugestão é a de escrever no máximo uma página por dia) faz com que sua velocidade se volte para a rotação normal dos motores, em torno de 5.000 RPM. Você passará a focar os pensamentos no modo como está levando a sua vida, no que precisa ser feito, no que fez, no que deu certo, no que deu errado, onde precisa concentrar maiores esforços, e no que se faz mais importante em determinado momento.
Isso o ajudará a organizar as suas idéias e pensamentos e priorizar aquilo que é mais importante no seu dia. E o interessante é que você vai registrar isso. No dia seguinte você poderá recapitular tudo, repensar no seu dia e escrever o que precisará fazer. O seu exercício mental passará a ser facilitado com o apoio do seu diário e o ajudará a usar melhor o seu tempo. A partir dos seus registros você poderá relacionar os seus pedidos de oração, aquilo que você precisa colocar diante de Deus, para que Ele o ajude a resolver.
Bill diz que, após escrever sua oração, ele coloca o diário ao seu lado e se ajoelha diante de Deus. Nesse momento, ao colocar diante de Deus os seus pedidos e agradecimentos, a sua velocidade se reduz a 500 RPM (tranqüilo), o que permite a comunicação com Deus. Ele então lê a sua oração em voz alta, inclui outros comentários ou preocupações e se prepara para ouvir a voz de Deus. Citando mais uma vez (já fiz isso em outro artigo): “os céticos podem argumentar que as orações respondidas são meras coincidências, mas é impressionante quantas coincidências acontecem quando alguém começa a orar”.
Estou aprendendo a fazer isso. É realmente interessante fazer o registro dos nossos dias, pois com freqüência, vivemos sem refletir sobre o que estamos fazendo e o sentido das coisas. Bill diz que quando começa a mover a caneta sobre o papel, fica muito mais fácil manter a concentração, e isso ainda o obriga a ser específico (generalidades não ficam bem no papel. Lembre-se também que a sugestão é a de escrever somente uma página por dia).
Além disso, essa disciplina nos ajuda a registrar e ver as bênçãos de Deus acontecendo em nossas vidas. Você poderá, de vez em quando, passar por suas anotações e ver como Deus tem agido. Vale à pena fazer esse exercício. Faça seus registros. Com certeza você estará registrando bênçãos. Depois confira. Veja o que nos diz 1 João 5.14-15, na versão de “A Mensagem”:
“Na presença dele, temos confiança e liberdade para fazer nossos pedidos, de acordo com a sua vontade, na certeza de que ele nos ouvirá. E, se temos essa certeza, sabemos que a resposta é garantida.”
Boa semana. Deus o abençoe.