Meu irmão e alguns amigos trabalharam em uma indústria de armamento bélico. Certa vez os questionei sobre o sentimento em trabalhar numa organização que produzia armas para destruir instalações, cidades e até mesmo pessoas. A resposta veio imediatamente sem qualquer dúvida: “não fazemos armas para destruição, nossas armas são fabricadas para defesa. Talvez alguém as use de forma errada, mas é preciso estar preparado para se defender no caso de ser atacado”.
Notem que aqui já temos duas palavras fundamentais: ataque e defesa. Vamos falar sobre elas daqui a pouco. A palavra destruição também já apareceu. Creio que aí está o efeito produzido pelas armas. Nos testes que eles faziam com os armamentos produzidos, lembro-me dos realizados com granadas. Quando assistimos a um filme e vemos uma pessoa usando uma granada, focamos no resultado causado pela explosão, talvez imaginando que esse é o maior e o principal efeito desse artefato bélico.
Na verdade o que tem maior efeito são os estilhaços. A análise dos resultados dos testes feitos com granadas inclui a coleta dos estilhaços e o mapeamento das distâncias que eles alcançaram em relação ao centro da explosão e a quantidade encontrada em cada distância do centro. Efeitos que causam mal, que destroem, mesmo que se pense em defesa. No treinamento de liderança avançada que participei em Maui no Havaí em 2004, tive a oportunidade juntamente com meus 50 companheiros de conhecermos um Almirante da Marinha Americana.
Ele não era um Almirante qualquer. Ele respondia por toda a esquadra americana que atua no Oceano Pacífico. Sob o seu comando encontravam-se 200 mil homens, 2000 aviões e 200 navios. Dá pra imaginar o que é isso? Esse homem, preparado, qualificado, sério e comprometido com a sua nação também era cristão. Nosso grupo de 51 participantes representava 28 países e todos queriam fazer perguntas ao Almirante.
Uma das perguntas foi a seguinte: “como cristão, como o senhor se sente quando tem de dar ordem para destruir outras embarcações, localidades e pessoas?” A resposta foi parecida com a que comecei esse texto: “não estamos aqui para atacar, mas caso nossa nação seja ameaçada responderemos à altura. Esse é o meu papel; estou no comando dessa tropa e devo dar as ordens. É claro que não me sinto bem com isso, mas é a minha responsabilidade. Meu país confia em mim. Como vocês, tenho mulher e filhos e tenho de responder a eles também.”
Ações e efeitos. Falamos de explosão, de destruição, de ataque, de defesa e de efeitos. E quando é você quem explode? O que pode acontecer? Existem pessoas que usam a explosão como autodefesa. Atacam as pessoas, explodem, maltratam, apontam o dedo, “colocam na parede” para “se protegerem” e não serem atingidos. Não é delas que quero falar. Existem pessoas que acumulam as pressões, não “descarregam” e acabam tendo certos tipos de doenças, decorrentes das pressões armazenadas.
Outros buscam refúgio no álcool e nas drogas. Parece que esse é o caminho mais curto. Existem também aqueles que vão observando as coisas, percebe que elas não estão corretas, tenta ajudar, mas não vê retorno. Chega um momento, não premeditado, que o limite das coisas não aceitáveis é atingido, e daí a explosão vem. Mas não deveria ter vindo. Era preciso ter se contido e ficado quieto. Isso evitaria certos efeitos em pessoas queridas. Depois do ocorrido não tem mais jeito. Após você jogar uma granada não há como reter os estilhaços. Eles vão se espalhar e atingir diversas pessoas em diferentes direções e distâncias.
Precisamos refletir nisso. Não é fácil não reagir. Se você reage é uma pessoa chata, se você se cala é omisso. O que você quer ser: chato ou omisso? A Palavra de Deus nos diz que “mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.” Gálatas 5.22 Veja o último componente desse fruto: domínio próprio. Tenho aprendido que eu sozinho não consigo ter domínio próprio, manter total controle sobre minhas ações e atos. É claro que vamos tentar, mas só o teremos verdadeiramente com a ajuda do Espírito Santo de Deus, pois é dele que vem esse fruto.
A experiência vem pelo aprendizado, pela prática. Aprendemos também nos nossos erros. Nessa semana li a seguinte frase, que me levou à meditação: “atrito e desgaste são necessários para afiar ferramentas e lapidar pedras preciosas.” Pura verdade. Somos testados, afiados e lapidados para sermos melhores seres humanos. Duros testes: imagine você como uma pedra preciosa sendo lapidado; com certeza iria doer; ou como uma ferramenta sendo afiada, também iria doer. É assim na vida. Estamos sempre nessa situação. Percebamos ou não, estamos em treinamento e ajustamento contínuos, nisso precisamos do apoio constante do Pai. Vamos em frente. Boa semana.