MÃES SEM NOME (Sylvio Macri)

Tanto o velho Testamento como o Novo mencionam mães anônimas cuja história é edificante, e que vale a pena relatar para a inspiração das mães atuais.

Em 1 Reis 3:16-18, temos a história de duas mães solteiras que moravam juntas e cada uma tinha um filho. O menino de uma delas morreu durante a noite e ela o trocou pelo da outra. Quando esta acordou para amamentar seu bebê, descobriu a troca e a denunciou, chegando o caso até o rei Salomão, com ambas afirmando que o filho era seu. Sem poder saber quem estava dizendo a verdade, o rei usou de sabedoria: comunicou às duas mulheres que dividiria a criança ao meio e daria uma metade a cada uma. A falsa mãe afirmou que não se importava, mas a verdadeira mãe disse que preferia renunciar ao seu filho que vê-lo morto. E assim Salomão descobriu quem era a mãe de fato.

Outro exemplo é a esposa de Jairo, o líder da sinagoga que foi pedir a Jesus que curasse sua filha, que estava à beira da morte (Marcos 5.22-43). Quando Jesus chegou à sua casa, pediu que todos saíssem, permitindo que ficassem somente Pedro, Tiago, João, o pai e a mãe, e na presença deles ressuscitou a menina. Do pai, sabemos o nome, mas da mãe não. Podemos imaginar o sofrimento desta mãe, ao ver sua filha moribunda e finalmente morta, bem como a sua alegria ao vê-la ressurreta. E quem sabe se não foi por sua insistência que o pai foi procurar Jesus?

Outra mãe anônima é a do menino que emprestou a Jesus os cinco pães e os dois peixinhos para que fizesse o maravilhoso milagre da multiplicação (João 6.1-13). Que mãe zelosa foi essa que, ao mesmo tempo em que fez com que seu filho fosse aprender com Jesus, teve o cuidado de preparar para ele um lanche, pois poderia demorar-se e sentir fome! Jamais poderia ela imaginar que aquele pequeno lanche serviria para uma tão grande demonstração do poder de Deus.

Outra que podemos citar é a mulher cananéia que suplicou a Jesus por sua filha, que estava terrivelmente endemoninhada (Mateus 15.21-28). A princípio, Jesus nem sequer respondia ao seu clamor, mas finalmente disse a ela, de maneira dura, que “não era bom tomar o pão dos filhos (os israelitas) e lançá-lo aos cachorrinhos” (os estrangeiros – os judeus costumavam chamar os não judeus de “cães”). Foi uma prova tremenda para a fé da mulher, porém ela demonstrou humildade, dizendo que, mesmo que fosse uma migalha, seria suficiente para curar sua filha. Por causa disso, ouviu de Jesus este grande elogio: “Ó mulher, grande é a tua fé!”. Infelizmente não sabemos o nome dessa mulher tão crente.

Contudo, apesar de que estejamos falando de mães anônimas, gostaríamos de citar um caso em que é mencionado o nome da mãe, se bem que, além disso, não saibamos quase mais nada a seu respeito. Assim, de certa forma, ela continua anônima. Trata-se dos sete descendentes do rei Saul que foram enforcados por causa dos crimes cometidos por ele contra os gibeonitas, o que trouxe maldição ao povo de Israel (II Sm. 21:1-14). Dois dos enforcados eram filhos de Saul com uma mulher chamada Rizpa. Esta foi para o monte onde ocorreu a execução, estendeu um pano sobre a pedra e vigiou os corpos dos filhos mortos desde o início da colheita até que veio a chuva, para que os abutres e os chacais não os devorassem. Ao saber disso, Davi, que havia ordenado a execução, se comoveu e mandou dar uma sepultura digna a todos os sete.     

Estas histórias nos ensinam algumas lições:

O amor de mãe só é superado mesmo pelo amor de Deus. É capaz de levar à renúncia, sofrimento, fé e humilhação em favor dos filhos.

A intuição própria das mães as faz mais propensas a crer do que as outras pessoas adultas. Na luta pelo bem dos filhos elas se agarram a qualquer chama de esperança. Desejamos que esta chama seja sempre Jesus, o único que pode realmente dar esperança.

As mães sempre projetam ou sonham um bom futuro para seus filhos e o buscam. E esta é a maneira certa de agir, porque nunca se sabe o que Deus reserva para os filhos, como foi o caso do menino que cedeu seus pães e peixes para o milagre da multiplicação.  

Apesar da discriminação contra a mulher ter sido muito maior nos tempos bíblicos, parece que as mães são mesmo destinadas ao anonimato, pois hoje em dia também vemos a mesma coisa. Talvez a melhor explicação seja que as mães não se importam muito com esta questão. O que elas desejam, acima de tudo, é o bem-estar de seus filhos. Para elas, os filhos é que devem aparecer.

Pr. Sylvio Macri