João 19.25-27 — Amando como as mães amam

Lemos em João 19.25-27 que “perto da cruz de Jesus estavam sua mãe; a irmã dela; Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe ali e, perto dela, o discípulo a quem ele amava, disse à sua mãe: “Aí está o seu filho”, e ao discípulo: “Aí está a sua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a recebeu em sua família”.

Podemos ler o texto, com algumas notas adicionais:

“Perto da cruz de Jesus estavam: [Maria,] sua mãe; a irmã dela [tia de Jesus, sobre quem nada sabemos, nem mesmo o nome];  Maria, mulher de Clopas [sobre quem nada sabemos, a menos que seja — e não temos certeza — o mesmo Cleopas que se encontrou com Jesus ressurreto, cf. Lucas 24.18], e Maria Madalena [a quem Jesus livrara do poder dos demônios, cf. Lucas 8.2].
Quando Jesus viu sua mãe ali e, perto dela, o discípulo a quem ele amava [João, irmão de Tiago e filho de Salomé e Zebedeu],  disse à sua mãe:
— Aí está o seu filho.
E ao discípulo [João, ele disse]:
— Aí está a sua mãe. 
Daquela hora em diante, o discípulo [João] a recebeu em sua família”.

AS MÃES APRENDEM COM MARIA
Neste breve texto, vemos a atitude de Maria como mãe, atitudes que servem de modelo para as mães de todos os tempos.
Eis algumas atitudes modelares de Maria, a mãe de Jesus.

1. Sobre Maria, aprendemos que o seu amor foi sacrificial. Amor de mãe é amor que se sacrifica.
O amor de Jesus por Maria fala sobre Jesus e fala sobre Maria, cujo amor de mãe é um dos mais notáveis da história da humanidade. Ela enfrentou a vergonha para lhe dar à luz, já que não era casada quando foi engravidada miraculosamente pelo Espírito Santo; enfrentou os irmãos (meio-irmãos, por parte de mãe) de Jesus, que não o aceitavam como Messias; enfrentou a missão que Jesus cumpriu, andarilho e sem família própria; enfrentou a dor de uma morte injusta, cruel e necessária como apogeu do ministério dele.
Quando Jesus demonstra seu amor por Maria na cruz, podemos imaginar, humanamente falando, que ele aprendeu a amar com sua mãe. Ninguém amou como ele e sua mãe foi parte de sua formação. Assim, o amor de Jesus por Maria fala do amor de Maria. As mães devem amar como Maria.

2. Sobre Maria, aprendemos que o seu amor não visava retorno. Amor de mãe não é amor que faz pelo que vai receber. Faz porque ama.
Por isto, ela estava perto da cruz, o mais perto possível.

3. Sobre Maria, aprendemos que o seu amor é amor que se dedica até o fim.
Quando pôde, ela seguiu Jesus em seu ministério itinerante.
Quando ele foi ao Calvário, ela foi junto, talvez esperando que Deus livrasse seu filho da morte.
Quando a morte estava para se consumar, ela estava ao seu lado.
Quando seu corpo foi sepultado, ela estava ao seu lado.
Maria é o protótipo da mae que não desiste do seu filho. Se tiver mais de um (como foi o caso dela), ama a todos. Quando um deles está em dificuldade, ela se dedica mais ainda a ele.

OS FILHOS APRENDEM COM JESUS E COM JOÃO
Quando Jesus pede a João que cuide de sua mãe, também estão nos ensinando a como agir com as nossas.

1. Jesus se preocupou com sua mãe numa hora em que poderia se ocupar apenas de si mesmo.
Seu gesto nos mostra que devemos, como filhos, ter os nossos olhos sempre voltados para nas necessidades de nossas mães. A nossa possível dificuldade não nos deve impedir de cuidar delas. Muitas vezes elas só têm a nós.
Podemos ampliar a mensagem para todos nós. Quem ama se preocupa com o outro mesmo estando em dificuldade. A nossa generosidade não pode depender que esteja tudo bem conosco. Nunca vamos resolver todos os nossos problemas para nos preocupar com os dos outros.

2. Jesus se preocupou com sua mãe na velhice dela.
Por alguma razão, Jesus não entregou sua mãe aos cuidados dos filhos dela, mas aos de João.
Podemos imaginar que a fala de Jesus a João foi precedida de alguma conversa com o amigo e discípulo. Talvez tenha lhe dito algo como:
— Meu bom amigo João. Você sabe que estou de partida. Eu preciso de você. Eu preciso que você cuide da mamãe. Meus irmãos não cuidarão dela como você cuidará. Você amoroso e não vai deixar faltar nada a ela, nem coisas nem afeto. Cuide dela por mim, por favor.
Como filho mais velho, cabia-lhe cuidar da mãe, talvez viúva.
Se, de fato, Jesus acertou com João aquele cuidado, fica evidente a previdência de Jesus. Hoje ele pagaria o INSS dela ou mesmo uma previdência privada para lhe uma velhice tranquila.
Se o pedido foi naquela hora, também evidenciou o cuidado dele para com a mãe. Talvez seus irmãos não estivessem no monte da sua crucificação. Como João estava, pediu a ele. Antes de morrer, precisava saber que sua mãe estaria em segurança.

3. Aprendemos com Jesus e com João que a nossa família pode ir além dos afetos do sangue.
João cuidou da mãe de Jesus, recebendo-a em casa como parte de sua família.
Uma igreja, para merecer este nome, deve ser uma família, no sentido de se comportar como um família, onde o problema de um é o problema de todos. O desemprego de um preocupa a todos. A doença de um entristece a todos. A morte de um enluta a todos.
Uma igreja, para merecer este nome, deve ensinar seus membros a não pensarem apenas em si mesmos, mas em todos os necessitados que puder alcançar, para viver então a verdade do Evangelho.

“A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tiago 1.27)

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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