A vida no mundo de hoje tem produzido muitas necessidades para a família; algumas são reais, outras, falsas. Educação, saúde, alimentação, vestuário, transporte e lazer fazem parte da preocupação diária de qualquer família brasileira. Também não se vive mais sem o conforto da eletricidade, do gás de cozinha, dos eletrodomésticos, dos produtos industrializados. E é praticamente impossível locomover-se sem o uso de ônibus, trem ou automóvel. Por outro lado, a propaganda veiculada nos meios de comunicação poderosos, como a TV, cria nas pessoas desejos e expectativas que freqüentemente não correspondem às suas reais necessidades e possibilidades.
Assim surge a tensão entre aquilo que queremos – mas que nem sempre necessitamos – e aquilo que podemos adquirir de fato sem incorrermos em endividamento. Tensão que é agravada pelo baixo poder aquisitivo do povo em geral. E as empresas de crédito participam dessa cena, que prenuncia uma tragédia, oferecendo empréstimos e cartões de crédito praticamente a qualquer pessoa que tenha alguma renda, por mínima que seja.
Pesquisadores têm dito que a maior causa de separação de casais no Brasil é a incapacidade de um dos cônjuges, ou de ambos, de administrar suas finanças ou as da família, principalmente quando há também desemprego. Sem dúvida, este é um problema também para as famílias cristãs, mas elas têm ao seu dispor recursos que lhes permitem a vitória nessas situações.
O primeiro desses recursos é a prática do dízimo. Não espere o lar cristão ter sucesso na administração de suas finanças, se deixar de entregar o dízimo. Pelo contrário, pode aguardar dificuldades permanentes e crescentes. Veja o que disse um dos profetas do Velho Testamento a esse respeito: “Vocês têm plantado muito, e colhido pouco. Vocês comem, mas não se fartam. Bebem, mas não se satisfazem. Vestem-se, mas não se aquecem. Aquele que recebe salário recebe-o para colocá-lo numa bolsa furada” (Ageu 1:6). Mas ao dizimista fiel Deus promete abrir as janelas do céu (Ml.3:10).
O segundo desses recursos é a espiritualidade. A família cristã não deposita suas esperanças em bens e recursos desse mundo. Suas expectativas de sucesso não estão limitadas a esta vida (Lc.12:31-34). O lar cristão sabe que não são roupas bonitas, eletrodomésticos e aparelhos sofisticados, alimentação cara e colégios pagos que tornam uma pessoa melhor. Quem faz isto é Jesus. Não quero dizer que não possamos ou não devamos ter essas coisas, mas sim que elas não devem tornar-se em fonte de ansiedade e perturbação se não nos for possível tê-las. Devemos ser mordomos conscientes do nosso dinheiro.
Um terceiro recurso de que dispõe a família cristã é a comunhão que repousa sobre a fé em Cristo, o ensino e a meditação da Palavra de Deus, a oração e o compartilhamento das necessidades e problemas. Num lar onde o Senhor Jesus é o cabeça, há compreensão, harmonia e cooperação, e não desavenças e conflitos em virtudes de dificuldades, as quais virão sempre, sejam financeiras ou não. Na família cristã todos trabalham e lutam para o bem comum, movidos pelo amor que Deus derramou abundantemente em seus corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5). E todos compartilham dos problemas de todos, sem egoismo e sem particularismos (Fp.2:1-5).
Infelizmente, muitas famílias de nossas igrejas têm tido problemas financeiros, e quando observamos bem, verificamos que, na maioria, não estão dando o dízimo; quase sempre é possível fazer um paralelo entre o tempo em que estão em dificuldades e o tempo em que não têm entregado o dízimo. Porém, mesmo famílias que são dizimistas estão “gastando o dinheiro naquilo não é pão” (Is.55:2), num consumismo desenfreado, pois seus principais valores tornaram-se materiais. E, além disso, tais famílias não estão reservando tempo para ter comunhão com Deus e uns com os outros, e assim não se entendem sobre as questões familiares, inclusive as financeiras.
Contudo, toda essa situação pode resolver-se se forem usados os três recursos acima citados. Felizmente são usados na maioria dos lares cristãos que, dessa maneira, tornam-se exemplos de solidez financeira para todos.
Pr. Sylvio Macri