Jesus, como se cantasse, disse que os que choram são felizes.
Jesus pisou o pó do paradoxo, de que a vida é cheia.
É como se Jesus se lembrasse das mulheres que perderam seus maridos. Elas choram muito e durante muito tempo. Os homens choram menos. Alguns até se casam logo. Eles são diferentes em seus sofrimentos. Por isto, eu me concentro nas mulheres que perdem seus queridos. Oro por elas.
É como se Jesus se recordasse dos homens que se envolvem com o sofrimento do outro e choram com o outro. Um dia desses, por aqui, enquanto uma mãe procurava desesperada por sua filha, um rapaz a viu nos braços de um homem num bar. Ele reconheceu a criança, agarrou o adulto e salvou a menina, ao chamar a polícia. Arriscou-se, mas não foi indiferente.
É como se Jesus tivesse em mente aquele jovem — tão jovem que não imaginamos que não pode sofrer doenças que esperamos para a velhice — que sofre porque o aguarda um tratamento longo e doloroso.
É como se Jesus também chorasse com aqueles que não suportam a injustiça ou com aqueles que, sob uma carga emocional maior que podem manejar. caem em prantos.
É como se Jesus celebrasse as lágrimas de alegria dos vitoriosos.
Os que choram de luto são felizes porque suas lágrimas são de amor, não de ódio. Deus pode não ter evitado a morte da pessoa querida, mas recebe e recolhe as lágrimas de quem a ama.
Os que choram de tristeza pelo sofrimento do outro são felizes porque suas lágrimas são de envolvimento, não de indiferença. Deus usa os que se envolvem com a dor do outro para minorá-la.
Os que choram de preocupação com um diagnóstico devastador no seu corpo ou no corpo de uma pessoa querida são felizes porque sabem que nem a morte, se acontecer, terá a palavra final, incapaz que é de apagar o amor de Deus.
Os que choram de indignação diante da injustiça cometida com um próximo são felizes porque estão em boa companhia, porque Deus chora com os que choram.
Os que choram em virtude de uma pressão permanente ou momentânea, por causa de sua instabilidade emocional, são felizes porque são alvos da compaixão de Deus.
Os que choram de alegria por vitórias próprias ou de outros são felizes porque suas lágrimas celebram vitórias, reconhecidas como dádivas (vindas da graça de Deus) e conquistas (do esforço próprio), nesta ordem.
(Da série "Aprendendo a ser feliz, com Jesus", 2/8)
ISRAEL BELO DE AZEVEDO