PETRÓPOLIS RECEPCIONA AS DELEGAÇÕES RELIGIOSAS — Capítulo VIII (Ignacio Resende)

O dia começou com grande movimentação no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Ás 7h45min começou o desembarque do voo 4580 da American Airlines, trazendo a delegação da Convenção Batista Mundial, liderada pelo Pastor Jeferson D. Hughes, dirigente daquela Convenção e recebido pelo Pastor Renato Ferreira, dirigente da Convenção Batista Brasileira. Feitas as fotos pelos fotógrafos dos principais jornais do País, começaram as entrevistas para os canais televisivos, para as emissoras de rádio e para os jornais. À pergunta “qual é a sua maior expectativa quanto ao ‘achado de Harã’?”, o Pastor Hughes respondeu que “tudo o que diz respeito ao período pré-diluviano e ao dilúvio é de grande interesse à denominação Batista bem como às outras religiões cristãs e abraâmicas”. “No entanto, como a maior parte das traduções das tabuinhas encontradas em Harã, ainda, não estão disponíveis temos que ser compreensivos, pois, todas as respostas às nossas mais inquietantes perguntas poderão exigir espera de alguns meses, ou mesmo, anos”. Seguiram-se outras perguntas específicas sobre os esclarecimentos que possam ser esperados sobre este ou àquele versículo dos capítulos 1 a 9 do livro de Genesis, porém, pode ser assinalado aqui que uma das expectativas do Pastor Hughes se refere ao nível de corrupção e de maldade à que chegou aquele povo para que Deus decidisse pela sua extinção e se esse grau já está sendo atingido pela nossa sociedade contemporânea. E para arrematar ele comentou que a Igreja, como corpo vivo de Cristo, é a arca de Noé dos dias atuais. No entanto, diante da pergunta que se seguiu “e todos que estão na Igreja serão salvos”? Ele respondeu apenas “que Jesus já indicou essa resposta no livro de Mateus capítulo 24: versos 4 a 14”.

Nova correria se iniciou às 8h35min, quando teve início o desembarque do voo 7518 da Alitália trazendo a delegação do Vaticano, chefiada pelo Cardeal Giacomo Calegari. Sua delegação foi recebida pelo Cardeal Antonio de Freitas, Cardeal do Rio de Janeiro. Seguiu-se a mesma rotina de fotos e de entrevistas. O representante do Papa foi muito solícito com os jornalistas e procurou responder as perguntas em Português, porém, com bastante dificuldade para completar seu raciocínio. A uma das perguntas feita maldosamente por um jornalista em Português respondeu “muitoo obrigadoo”. Isso foi suficiente para que as entrevistas passassem para a língua Italiana e, então, fluíssem com grande facilidade. “As pesquisas arqueológicas e as traduções das tabuinhas de Harã foram conduzidas pelo Rei de Portugal e não chegaram ao conhecimento de Roma. Como o Senhor explica isso?” A resposta publicada pelo Jornal ‘O Globo’, em grande manchete, na primeira página, no dia seguinte, foi esclarecedora que isso decorreu de uma guinada em que a política direcionou o relacionamento religioso entre Portugal e o Vaticano. E Portugal se afastou temporariamente do Vaticano, pela adoção da maçonaria em contraposição à orientação emanada pelo Papa, época em que ocorreram as pesquisas arqueológicas e o ‘achado de Harã’. No entanto, esclarece o Cardeal Calegari, tudo se acertou entre os nossos países e, hoje, nosso relacionamento tanto com Portugal quanto com o Brasil, maior nação católica do mundo, é o melhor possível. Surge, em consequência, nova questão, esta não publicada pelo ‘O Globo’, em que as denominações evangélicas estão crescendo e ocupando um grande espaço entre as religiões cristãs no Brasil, havendo estatísticas em que se estima que tenham atingido cerca de 30% da população, conforme publicou uma revista de grande circulação nacional em 2011. O comentário do Cardeal Calegari a essa assertiva foi contraditório, uma vez que se limitou a dizer que o Brasil não é País com tradição de manter registros históricos fiéis e que ele, por sua vez, tem recebido informações que se contradizem com esta, embora, reconheça que há um grande esforço das religiões cristãs de levar cada vez mais pessoas a Cristo.

Às 9h10min começou o desembarque do voo da Emirates que trouxe a delegação muçulmana, chefiada pelo Grande Mufti de Al Azhar Sheik Ali Mohamed Zara, maior autoridade sunita. Mais uma vez, a mesma correria dos fotógrafos e dos jornalistas que, praticamente, abandonaram as entrevistas com o representante do Papa, pois, agora já tinham mais uma importante autoridade religiosa para entrevistar. Suas perguntas haviam sido estudadas pelas suas redações e começaram pela referente às torres gêmeas que foi feita como a seguir: “o Sheik Mohamad Sayyed Tantawi, falecido imã da Mesquita de Al Azhar, condenou a ação terrorista do atentado suicida às torres de Nova York, porém, continuam os atentados conduzidos por homens-bomba e às vítimas, condutoras das bombas são prometidas uma vida eterna cheia de prazeres”; “como o Senhor vê essa ação continuada no mundo todo”? O Sheik Zara, demonstrando segurança e tranquilidade impar passou a discorrer sobre o entendimento de que Maomé não recomendou a violência, da mesma forma que Jesus Cristo. No entanto, a Igreja Católica teve um período de negritude em que sacrificou na fogueira muitos dos seus por julgá-los opositores, como foi o caso de Joana d’Arc, para citar uma das maiores heroínas desse período! Mal comparando ocorre o mesmo com o fanatismo radical muçulmano, uma vez que está entremeando religião e política, esta conduzida por nações poderosas, em busca da energia abundante dos poços de petróleo do Oriente Médio. Se um lado exerce a força de seu poder econômico, o outro, atrás do fanatismo religioso, tão fácil de ser implantado com promessas de vida eterna faustosa e recursos para as suas famílias sobreviventes, busca na vingança a reprimenda que não consegue expressar pela contraposição de poder equivalente de que não dispõe!

Mais uma indelicadeza dos entrevistadores ao anúncio de que havia pousado o voo da El Al, procedente de Tel Aviv, pois, literalmente abandonaram o Sheik Zara em meio às entrevistas. Eram 10h40min quando desembarcou a delegação judaica, chefiada pelo Rabi David Yashuv Katz. Este novo ‘frisson’ pareceu ainda maior que os anteriores, diante do fato de que os judeus são os autores da maioria dos livros da Bíblia, com a única exceção de Lucas, autor do Evangelho de Lucas e do Livro de Atos dos Apóstolos. Conduziram, por conseguinte, a escritura dos livros do Pentateuco, escritos por Moisés, o primeiro homem usado por Deus para fazer os milagres descritos nesses cinco primeiros livros da Bíblia e que os judeus chamam de Torá.

As perguntas dos jornalistas foram semelhantes às anteriores feitas aos outros representantes das outras religiões, porém, dentre as respostas recebidas cabe ficar aqui registradas as que se seguem, uma vez que os judeus se consideram ‘o povo escolhido por Deus’, desde quando Abrahão, o autor das ‘tabuinhas de Harã’, foi convidado por Deus para deixar a sua parentela e buscar a terra que lhe seria indicada para o crescimento do seu povo, o qual viria a ser maior que o número de estrelas do céu! Assim, de Abrahão, que conviveu com Noé, de quem recebeu os depoimentos que registrou nesse ‘achado de Harã’ é esperado pelos judeus muito mais do que por qualquer outro povo! Ao explicar a expectativa do povo que representa, o Rabi Katz falou que este ‘achado’ irá trazer o atendimento a uma das maiores aspirações do seu povo que é o conhecimento mais detalhado das condições de vida no período pré-diluviano. Sua maior aspiração está relacionada ao período anterior ao pecado, em que Deus conversava com o Patriarca Adão e com Eva diariamente. Qual teria sido o foco principal dessas entrevistas? Como, mesmo diante das orientações detalhadas a respeito da obediência que Deus esperava de seus filhos, estes vieram a desobedecê-lo e, como consequência, ocorreu o ingresso do pecado na raça humana! Como, em tão poucas gerações, embora longevas, o pecado atingiu tal grau de maldade que levou Deus a decidir pelo extermínio da raça humana permitindo, apenas, a continuidade da vida a um pequeno grupo de oito pessoas que sobreviveu ao dilúvio? Teriam sido maldades semelhantes às ocorridas no deserto, durante o Êxodo do Egito à Terra Prometida, em que Deus só não exterminou àquele povo, retirado do cativeiro, mediante a intercessão de Moisés? Ou teria sido maldade ainda maior? E se foi, qual o seu nível de intensidade?

No final do dia as delegações estavam reunidas para o jantar, oferecido pela Reitoria da Universidade de Petrópolis, ocasião em que, após as suas apresentações, pela ordem de chegada, e de ter sido definido que todos os trabalhos seriam conduzidos em inglês, foi iniciado o período de avaliação do material até então conhecido do ‘achado de Harã’, disponibilizado pela Sinopse preparada pelo Professor Hasselman e pelo Mestrando Otávio, constante de volume contendo trezentas e vinte e oito páginas escritas em letras tamanho doze e espaço um, como determina a norma de apresentação de trabalhos técnicos pelos alunos da Universidade de Petrópolis. Constituía parte desse volume as fotos das páginas dos cadernos encontrados.

Este jantar, concluído por volta da meia-noite, permitiu a formação de grupos de delegados em que o expectador podia concluir que, quando se trata de pessoas que creem em um único Deus, ao se reunirem, mantém perfeita sintonia em reconhecer Sua grandeza, Seu poder e Sua misericórdia pela humanidade. Não se sentia, segundo opinou a Rede Globo de Televisão, no noticiário da Globo News, nos seus boletins das horas cheias, do dia seguinte, divergências entre pessoas de diferentes religiões, seja cristã, judaica ou muçulmana que justificasse discordâncias quanto à existência de um único ser supremo, criador e mantenedor de todas as coisas, a quem devemos colocá-lo acima de tudo, uma vez que d’Ele provém a nossa vida, saúde, inteligência e capacidade para o desenvolvimento científico e tecnológico. Desse ponto de vista, portanto, fica muito mais fácil entender e reconhecer que temos em Jesus Cristo, o tão anunciado Messias, como tão efusivamente descrito nos livros do Antigo Testamento, o nosso Salvador e, portanto, o nosso Senhor. Jesus declarou, durante sua jornada salvífica pela terra, que “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.”

Infelizmente, para justificarem a condição de ‘descrentes’ alguns cientistas e a maioria dos professores ainda acreditam que há um processo evolucionista, inconcebível e contrário às leis que, também, são ensinadas nas escolas e que constitui suporte do conhecimento científico. É a Segunda Lei da Termodinâmica que afirma que “o universo caminha de sistemas organizados para sistemas cada vez mais desorganizados”. Uma excelente discussão entre o Criacionismo e o Evolucionismo você, caro leitor, encontra no Google digitando “criacionismo x evolucionismo por Adauto Lourenço”. Nele, o Físico e Doutor discorre sobre origens e defensores de cada uma dessas vertentes. Nós, os que cremos no Criacionismo, cremos pela fé, pois, seja uma ou outra hipótese, não há como se demonstrar a não ser como para os cristãos, pela fé, que é “crer naquilo que não se vê”!