Sabemos que poderemos ficar doentes, mas não temos um plano de saúde.
Sabemos que vamos morrer, mas não fazemos um plano funeral que suavize o drama quando o fim chegar.
Sabemos que a educação dos nossos filhos terá um preço, mas não fazemos hoje uma poupança para a idade escolar amanhã.
Sabemos que, se tudo correr bem, envelheceremos, mas não guardamos recursos ou não fazemos planos para serem usados nos dias da possivel escassez.
Por que somos tão imprevidentes?
Alguns vivemos tão apertados financeiramente que não sobra dinheiro para prevenir. Isto é verdade para alguns, mas não para todos que dizem estar apertados.
Para boa parte de nós, a imprevidência é mesmo fruto da irresponsabilidade, que nos faz procrastinar, ou da ignorância, como se estas coisas só acontecessem com os outros, jamais conosco.
Então, eu me lembro de um amigo. Quando ele morreu, perguntei aos seus filhos como seriam as coisas. Eles responderam:
— Está tudo certo. Papai deixou tudo organizado.
E o enterramos, louvando o seu cuidado.
Os mortos também falam. E naquele caso, era bom ouvi-lo.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
