HISTÓRIA DE UM SONHO (Rui Assunção)

Há dias tive um sonho. Até aí nada demais. Não foi a primeira vez que isso me aconteceu e nem sera a última, pelo menos assim espero.
Sonhar todo o mundo sonha e quando os sonhos são ruins passam à categoria de pesadelos.
Aliás, sonhar é bíblico. O Livro Sagrado contém  várias  narrativas de sonhos.
O patriarca Jacó, quando fugia do irmão Esaú, dormiu no campo, a céu aberto, usando uma pedra como travesseiro. Sonhou que ali havia uma escada enorme, ligando o céu à terra com anjos subindo e descendo por ela. Concluiu que Deus também estava ali e ele, Jacó,  não sabia.
Mais tarde José, filho de Jacó, preso em prisão egipcia falsamente   acusado de assédio sexual, pela mulhee de Potifar, o comandante da guarda do re, interpretou, com acerto, os sonhos do copeiro e do padeiro de Faraó. Posteriormente foi chamado ao palácio real para interpretar o sonho que sua Majestade tivera e que o deixara muitíssimo pertubado. José explicou que ele próprio não tinha poderes e nem capacidade para interpretar sonhos mas, se Deus lhe revelasse as mensagens neles contidas ele as comunicaria ao rei. Explicado o significado do sonho das sete vacas gordas e das sete nagras, que tanto perturbou a Faraó, José, de presidiário, foi elevado à categoria de Vice Rei do Egito. Esta história é real. Está na Biblia e nos compêncidos de história universal. Todas as narrativas bíblicas são reais. Qum duvidar, que  confira.
O profeta Daniel também interpretou sonhos.
O livro do Apocalipse escrito pelo evangelistda João é fruto de sonhos e de visões que ele teve, segundo meu entendimento.
Isaias, o primeiro dos profetas do Antigo Testamento e que, segundo a tradição,  era da familia real de Israel e, em consequência, da alta sociedade de sua época. Viveu no tempo no qual o império assírio dominava as nações do mundo, Israel inclusive. Curiosamente Isaias significa “Salvação de Deus”.  Em seu livro ele narra o que viu, (em sonho ou em visão): “Vi o Senhor assentado em alto e sublime trono”. Assustado exclamou “Ai de mim, que vou perecendo poroque sou homem picador, de lábios impuros e habito no meio de homens de impuros lábios”.
A lista é grande, por isso fiquemos com estes sonhos e voltemos ao meu sonho.
Inicei minha vida bancária no Banco de Crédito Real de Minas Gerais S.A., engolido na época das “privatizações” e que ficava em frente ao Banco do Brasil S.A. na Avenida Paraná, em Londrina.
Naqueles longínquos e saudosos dias os bancos funcionavam aos sábados no horário de 8 ao meio dia para os funcionarios e das 9 às 11 para o público. No final dos trabalhos nos reuniamos em bar existente na esquina do outro lado daquela na qual estavam as duas agências bancárias. Ali fiz amizade com o pessoal do B.B.
Certa tarde, duraante o expediente, um dos funcionários do Satélite atravessou a avenida e me procurou no Crédito Real.
Declarou que na semana entrante o Banco abriria inscrição para o  próximo concurso. Me entregou um papel com os documentos  necessarios para a inscrição e exigiu que me inscrevesse. Assim fiz. Aprovado tomei posse em Lodrina. Tempos depois fui ao casamente dele. Nasceu-lhes a filha. Mudei-me para o Rio.  Nasceu-lhes o segundo filho.
Sempre nos falávamos pelo telefone.
Um dia contou que se divorciara. Não explicou o motive e nem perguntei.
O tempo seguiu seu rumo normal e, certa feita, ao chegar em casa ouvi a campanhia do telefone. Atendi. Era meu amigo quem telefonava para     contar que se aposentara naquela data e eu era a primeira pessoa a ser informada desse fato. Fiquei emocionado com aquele gesto! Ao me aposentar retribuí a gentileza. Só depois de falar com ele, informei à Elza que me aposentara.
A vida continuou e um dia fui surpreendido com telefonema da ex mulher dele, convidando-me para a festa comemorativa aos 70 anos do ex, que ela estava organizando. Fui. Para minha grande surpresa ela lá estava com o novo marido. Me senti como personagem de novella pois jamais imaginara que um dia viveria experiência semelhante. Dois anos mais tarde meu amigo informa o falecimento da ex-mulher.
Nos primeiros dias do mês de novembro de 2010 o filho dele me telefona para comunicar o falecimento do pai, ocorrido naquela noite.
Esse blá blá todo se tornou necessário por ser o pano de fundo do meu brevíssimo sonho.
Nele nós três estávamos em uma festa e eles ainda não eram ex. Nos divertimos a valer e eu estava muito feliz. Ao acordar lembro-me de me haver perguntado o por que daquele brevíssimo sonho. Será que os dois se encontraram no patamar superior, como diz a Tula, e se lembraram de mim? Ou será que estão a me convocar? Ou, ainda,  será que ele quer  dizer que se abriram as inscrições para concruso de ingresso no céu, como ele fez há anos passados? Eles faleceram há algum tempo. As imagens que vi contém alguma mensagem? Se for o caso, qual é?  Não sei qual a interpretação do sonho e isso não me preocupa.
Quero crer que seja apenas um momento de saudades o qual meu subconsciente liberou quando me encontrava no mais profundo  sono.
Intrigantem é o longo tempo no qual tenho pensado nesse sonho!
Minha certeza é que os jovens sonharão e os velhos terão visões, como nos assegura o escritor sacro.
Já não sou jovem mas, também, não sou velho. Velho era Matuzalém que morreu com mais de novecentos (900) anos e eu ainda não cheguei aos cem (100).
Isso posto me enquadrem na categoria que melhor lhes aprouver.