Parece que o assunto “suicídio” está voltando a chamar a atenção do mundo. A “Revista Isto É” em suas edições números 2223 (de 20/06/12) e 2225 (de 04/07/12) trazem citações sobre esse tema. Há alguns anos atrás esse assunto foi destaque na França, quando o diretor da estatal de telefonia adotou medidas rígidas para a redução de custos. As pessoas se matavam no local de trabalho. Austeridade nas políticas econômicas tem sido um dos fatores dessas ocorrências.
A mencionada revista publicou o seguinte: “154 soldados americanos na ativa se suicidaram entre Janeiro e Junho de 2012 – 30 a mais que o número de soldados mortos em combate no Afeganistão no mesmo período. Os dados, que apontam para a média de quase um suicídio por dia, foram revelados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.” Essa notícia, no entanto, não está relacionada com austeridade econômica. Qual será a razão então, se os soldados estavam na ativa? Não dá para saber, mas penso que eles devem estar tentando encontrar a causa raiz para implantar solução para isso.
A outra reportagem comenta sobre a atual crise na Europa: “No início de Junho, um empresário de 60 anos decidiu acabar com sua vida se atirando de uma ponte em Pádua, na Itália. Pouco menos de um mês antes, um homem de 53 anos, desempregado, fez o mesmo, saltando da varanda do terceiro andar de sua casa. Em Salermo, um ex-segurança de 49 anos, se enforcou depois de um almoço em família. Em comum na história desses italianos, a falta de perspectiva e o sofrimento causado pela incapacidade de honrar suas dívidas. Um deles deixou um bilhete dizendo: Decidi acabar com minha vida porque sou um fracasso. Não posso mais viver sem trabalho.” Realmente o medo de perder o emprego e as dívidas geram stress.
Na Grécia, um homem de 77 anos disparou um tiro de pistola na cabeça em frente ao Parlamento. Em sua carta de despedida escreveu: “Não me resta nenhuma solução exceto colocar um fim decente à minha vida antes de ser forçado a procurar comida no lixo e de ser um fardo para os meus filhos.” A crise provoca aumento do desemprego, das dívidas e da desigualdade de renda. Em geral, cada aumento de 1% no desemprego é associado a uma alta de 0,79% nos suicídios de pessoas de até 65 anos. Investir em criação de empregos e serviços sociais reduz o impacto da recessão. Na Finlândia e na Suécia, períodos de profunda recessão não aumentaram as taxas de suicídio porque os benefícios sociais foram mantidos.
Apesar da distância, o assunto chama a nossa atenção. Será que a falta de perspectiva e a incapacidade de honrar as dívidas são suficientes para dar fim à vida? No caso dos militares americanos isso não pareceu ser a causa. O suicídio pode ser considerado um fim decente à vida? O fato de não enfrentar as dificuldades, que são grandes e realmente nos afetam, não é mais uma fuga do que a busca de uma morte decente? Dá pra achar a morte algo “bacana”? Talvez possamos dizer que temos os seguintes tipos de morte: natural, acidental e proposital. Se o suicídio é proposital, creio que o propósito nunca será aceitável.
Na verdade o que vemos são as pessoas colocando esperança em coisas materiais e passageiras. Quando se tem emprego, renda, condições materiais satisfatórias, parece não haver tempo para pensar em dificuldades, mas quando estas chegam, ficamos desesperados, ou sem esperança. A pressão é grande, e se nós confiarmos somente nisso, com certeza teremos a tendência de buscar a mesma fuga. Não podemos esquecer que existem pessoas abastadas materialmente com grande vazio existencial, o que também as tem levado ao suicídio.
Ganhar e perder. Estar em alta e em baixa. Apesar de ser um ciclo real, dificilmente o aceitamos. “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Marcos 8.36. Estar em alta, sem esperança levará a isso. “Vale mais ter um bom nome do que muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro.” Provérbios 22.1. “Vale mais o pouco que tem o justo, do que as riquezas de muitos ímpios (os que estão longe de Deus).” Salmos 37.16
O sonho é maior que o dinheiro. Você tem um sonho, um propósito para a vida ou um propósito para a morte? Então parece que a saída é ter um sonho, se ajustar nos momentos de baixa, contribuir com as pessoas, seguir em frente, buscando esperança no que é permanente, não no passageiro. “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança.” Salmo 62.5. “Em Deus tenho posto a minha confiança; não temerei o que me possa fazer o homem.” Salmo 56.11.
Para pensar, considerando os fatos que têm sido uma realidade no mundo: “Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Lucas 12.31. Inclusive a esperança. Boa semana.
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