Cada momento da civilização tem trazido novos desafios aos seres humanos, pois estes são evolucionários, nunca param de progredir. Deus mesmo incutiu na raça humana a vontade e a capacidade de transformar a natureza e inventar novas soluções e utensílios, o que implica em novas tecnologias (Gn. 1:27-30). Evidentemente, isto traz alguns problemas.
Por exemplo, se a evolução tecnológica é muito grande entre uma geração e outra, é uma conseqüência natural que aumentem também as diferenças entre as duas. Nos tempos atuais há um verdadeiro abismo tecnológico entre as gerações. A maioria dos pais não sabe usar, ou pelo menos não sabe usar de modo completo, os modernos aparelhos que seus filhos têm, como computadores, telefones celulares, brinquedos eletrônicos, etc. Recentemente ouvimos falar de uma criança que chamou sua mãe de “burra”, porque não sabia operar um aparelho de vídeo.
Outro exemplo é o acesso à informação. A utilização do rádio pelo grande público tem menos de 100 anos; a da televisão, menos de 60 anos. Quando uma boa parte da humanidade nasceu, ainda não havia televisão. Hoje a TV é globalizada, podemos assistir aviões despejando bombas num país distante, no próprio momento em que isto está acontecendo. A globalização da comunicação criou uma espécie de “cultura universal”, isto é, usos e costumes antes restritos a uma determinada cultura passaram a ser universalizados, principalmente se originários de uma cultura dominante. Vemos o reflexo disso na música, na roupa, na alimentação, no comportamento, e até no crime organizado.
Ainda outro exemplo são as mudanças sociais. Há 60 anos atrás o Brasil era um país rural, hoje menos de 15% da população vivem nas áreas rurais. A expectativa de vida era de menos de 50 anos. Hoje o crescimento da população de idosos é maior que a de jovens. Com o natural alongamento do tempo para a aposentadoria, mais pessoas continuarão a trabalhar, implicando em menos oportunidade de emprego para os mais jovens. Acresça-se a isto as migrações internas da população, que reduziram as diferenças regionais. As mudanças sociais também contribuem para as alterações de padrões de comportamento entre uma geração e outra.
Ora, as inovações tecnológicas e as transformações sociais também geram problemas para o cristão, pois como membro da raça humana, ele está sujeito às mesmas situações que os demais semelhantes. Aliás, em virtude de orientar-se por princípios que não são aceitos pela maioria das pessoas, o cristão é ainda mais afetado por tais inovações e transformações, o que lhe cria problemas na hora de adotar uma posição quanto às mesmas.
As estruturas sociais, econômicas, políticas, bem como a cultura em que vivemos são dominadas por Satanás. “O mundo todo está debaixo do poder do Maligno” (I Jo.4:19b – NTLH). A imensa maioria das pessoas que estão nas posições de comando destas estruturas e que influenciam a cultura não são cristãs verdadeiras, e, portanto, não têm a mente de Cristo. E se não têm a mente de Cristo, só podem ter a mente de Satanás, ainda que não percebam isso, e ainda que nós também às vezes não o percebamos. É por esta razão, por exemplo, que ao invés de o governo fazer uma campanha para promover a castidade do sexo, faz campanha para que as pessoas usem preservativos. É o mesmo que dizer: “Fique à vontade para usar o sexo, só não deixe usar o preservativo”. Sabemos perfeitamente que Jesus jamais ensinaria isto. Outro exemplo: as pessoas que escrevem as novelas e programas de televisão também não são cristãs, por isso a traição, o adultério, a deslealdade e a falsidade são tratadas com tanta naturalidade.
O Diabo usa as estruturas e a cultura do mundo para armar ciladas e colocar tropeços para os cristãos. As invenções, as formas de expressão da cultura, as forças políticas e econômicas e os movimentos sociais são, infelizmente, todos contaminados pelo pecado. Por exemplo, a Internet, que é um tremendo meio de comunicação, está repleta de pornografia, ideologia terrorista, magia negra, etc., e é amplamente usada pelo crime organizado. Evidentemente não estamos aqui demonizando os avanços da tecnologia ou os elementos da cultura em que vivemos, nem preconizando atitudes paranóicas, como as que são vistas freqüentemente na mídia evangélica, mas não nos enganemos: o propósito do Diabo é derrotar Cristo e seu povo. Fortaleçamo-nos no Senhor e na força do seu poder (Ef.6:10).
O cristão precisa refugiar-se em Deus e buscar nele a graça e o poder para enfrentar as armadilhas satânicas que estão por trás daquilo que acontece no mundo. Precisa manter-se firme na prática dos princípios cristãos, buscar sabedoria e discernimento na Palavra de Deus, onde se encontram tais princípios, e vigiar em oração.
Pr. Sylvio Macri
