BOM DIA: A vida voltou a ter sentido para Lars Grael

A história acabou em vários meios, mas eu não a conhecia.
Ouvia-a do próprio Lars Grael, velejador que teve a vida partida, e quase perdida, depois que uma lancha desgovernada o atingiu em Vitória (ES), enquanto treinava.
No hospital, tentando apenas sobreviver, o fôlego da vida lhe foi soprado outra vez.
Numa madrugada, sem uma das pernas e sem vontade de viver, teve um encontro — um único encontro — com a enfermeira Claudia Dalé Perini. Lars lembra suas palavras iniciais:
— Estou gostando de ver. Você está cada dia melhor. Você está ganhando a luta pela vida. Logo vai andar, não sei como, mas vai andar e voltar a competir.
Revoltado, Lars retrucou:
— Você diz isto porque não é com você.
— Quem disse que não é comigo?
Em seguida, batucou na sua perna, de onde saiu um barulho estranho. Era o som do toque em sua perna mecânica. Amputada aos 20 anos de idade por causa de um tumor na tíbia, Claudia mostrou sua prótese e começou a contar as coisas que conseguia fazer.
Para Lars, o encontro foi a luz no fim do túnel. 
— Ela era feliz. Por que eu não podia ser? Ali eu pude identificar que havia um caminho para mim. O exemplo de vida, de felicidade e de força dela foi o diferencial para eu ter certeza de que tinha capacidade de ser feliz.
Lars Grael voltou a competir, primeiro com um perna mecânica, que não deu certo, e depois sem ela, sempre estimulado pelo irmão Torben.
Agora em suas palestras, sempre afirma que “viver é algo muito intenso. É produzir, é ajudar, é compartilhar, é cada dia ter um desafio novo. É poder levar um exemplo de vida para outras pessoas porque, quando eu mais precisei de exemplos, eu tive e foram fundamentais para mim".

 

ISRAEL BELO DE AZEVEDO