Não quero criancas silenciosas na igreja;
que corram, desde que conosco estejam;
sua presença é brisa saltitante que bafeja
a renovação da vida que o Pai sempre dá.
Não quero caras feias diante do choro
dos bebês, que não é escandoloso
como a melodia que estala do dedo raivoso
de quem, crescido, só quer "disciplinar".
Quero uma igreja que seja amplo lar
para as que, não tendo em quem se apoiar,
amadas, se sintam livres para desejar,
amando como eu gosto: até o fim.
Não quero uma igreja em que o martelo
esteja na mão para quebrar.
Quero uma igreja que seja castelo
onde todo garoto possa se abrigar.
Quero uma igreja que, se tiver labirinto,
seja só de brincadeira para a menina brincar.
Deixem vir os que não têm pressa.
Que a religiao não os impeça
de participar felizes na festa
do Reino que vim inaugurar.
Venham, pequenos, vou lhes contar uma história
do jeito que minha mãe me contava:
"Era uma vez um pai que ao seu filho amava.
Assim mesmo o menino decidir ir embora.
Pensam que o Pai deixou de aguardar sua volta?
Depois de muitas noites, em que o Pai o esperava,
o rapaz chegou. Cheio de medo, mal andava.
E o Pai o recebeu tão gostoso com um banquete
que não durou só um dia, mas toda a madrugada".
ISRAEL BELO DE AZEVEDO