Quando falamos em começar de novo, dá a impressão que esperamos alguma coisa chegar ao final, para daí recomeçarmos. É uma forma de se pensar nesse assunto. Por outro lado, geralmente quando se chega ao final de uma tarefa ou de um projeto, começa-se outra tarefa ou projeto. Nós não fazemos a repetição deles. Às vezes começamos realmente desde o início novamente. Um exemplo disso é quando estamos trabalhando num texto no computador, e por descuido ou falta de hábito, não salvamos o trabalho em andamento e acabamos perdendo-o por alguma pane ou operação indevida. Aí sim teremos de começar de novo; fazer tudo novamente. Quanto desgaste isso traz!
Se olharmos para nossas vidas, considerando que cada dia é um dia, e que não sabemos se haverá um novo dia, ao iniciarmos um novo dia podemos dizer que estamos começando de novo: a nossa vida. Com esse foco, o ideal é que nosso dia seja bastante agradável e produtivo, mas nem sempre é assim. Quantas vezes gastamos nosso tempo em atividades e ações que não agregam nada à nossa vida nem à vida das pessoas que nos cercam, ou com as quais nos relacionamos. Como fazer então para o nosso dia ser produtivo e agradável? Creio que cada um tem a sua receita, apesar de muitas vezes não ser possível aplicá-la.
Estou lendo um livro de autoria de John Maxwell, intitulado “O Líder 360º”. Num trecho do livro, ele comenta sobre uma prática adotada pelo General aposentado do Exército Americano, Tommy Franks, que criou uma disciplina de olhar e se preparar para o intangível. Todos os dias de sua carreira, desde 23/02/88, ele começava o seu trabalho planejando o dia. Para isso ela respondia à seguinte pergunta: “Quais são os maiores desafios que posso enfrentar hoje?” em um cartão para aquele dia. Na parte de baixo do cartão ele escrevia os cinco problemas mais importantes que poderia enfrentar e na parte de trás do cartão, as oportunidades que poderiam aparecer naquele dia.
Todas as manhãs, desde aquele dia, ele anotava os Desafios e Oportunidades que poderiam surgir em cada dia. O General disse que o importante não é o cartão em si, mas preparar-se para cada dia. Preparar-se para começar de novo. Cada dia, um recomeço. Podemos ainda pensar em fases da nossa vida. De repente em determinada fase as coisas não estão acontecendo como gostaríamos que acontecesse. O que podemos fazer de diferente para nos ajustarmos à nova realidade? Fazer diferente. Esse é realmente um desafio. Nossa tendência é pensar que só sabemos ou podemos fazer aquilo que estamos acostumados a fazer.
Nova visão a cada dia. Novos focos, ou reforço de algo que precisa de continuidade. John Maxwell citou também um comentário da Psicóloga Joyce Brothers: “Confie nos seus palpites”. Quanto mais você concentra sua atenção no que é intangível, mas aguçada ficará a sua intuição. Estar aberto a tudo o que é novo, a perceber as oportunidades, a “sentir” os seus palpites. Intangíveis: coisas que não podemos quantificar ou mensurar num primeiro momento, mas que podem trazer grandes resultados.
Novos resultados somente com novas ações. Já foi dito que se você continua fazendo as mesmas coisas, no máximo você continuará obtendo os mesmos resultados. Se esses resultados são bons e as suas ações estão alinhadas a ele, OK. E se não forem bons? O que fazer? Mesmo obtendo bons resultados é importante pensar em aprimoramento das ações que estão levando àqueles resultados. Na cultura da qualidade ou da gestão, dizemos que aplicamos o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Controlar e Agir de forma corretiva sempre que necessário). Esse ciclo é também chamado de “Ciclo da Melhoria Contínua”.
Melhorar sempre. Às vezes a melhoria tem a ver com redução de ritmo para se processar os ajustes necessários. O desafio é conciliar esse tempo, essas novas ações, com os compromissos vigentes. Penso que o cartão do General Tommy Franks pode nos ajudar a criar essa cultura, de recomeçar a cada dia. Pensar nos desafios e oportunidades e estabelecer ações planejadas para enfrentá-los e buscá-las, respectivamente.
Num dos trechos do Sermão do Monte, Jesus diz assim: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”. (Mateus 6:34). Não estar inquieto com o próximo dia, mas parar para avaliar como ele pode ser mais produtivo e agradável, trazendo resultado para a nossa vida e para a vida dos nossos semelhantes. Apesar de todos os planos, as coisas ainda podem acontecer de forma diferente do planejado. O Rei Salomão nos lembrou disso: “muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor”. (Provérbios 19.21).
Então nos cabe, ao preenchermos nosso cartão modelo Tommy Franks, perguntar ao Senhor qual é o propósito dele para o nosso dia. Que o propósito do seu dia agrade ao Senhor. Boa semana.
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