INDÉBITA APROPRIAÇÃO, UM COMENTÁRIO (Dell Delambre)

De novo, diante uma celebração evangélica despida de qualquer símbolo que reporte à simplicidade da vida terrena de Jesus, refleti sobre os valores do mercado laico nos cultos nas Igrejas e na mídia televisiva.

A sociedade está em nós, ela nos forma, con-forma e de-forma. O que leva a pensar que algumas separações teóricas entre religião e sociedade existem apenas na nossa cabeça, os acadêmicos.

O comércio é sacro, o que o leva a dar um “banho de sacralidade” nos símbolos seculares sem fazer qualquer menção aos valores da economia de mercado.

Uma pergunta que pode se pôr: pode uma igreja evangélica tomar um símbolo secular, apropriar-se dele, transformá-lo em fé dominical e televisiva para servir aos seus fins ‘espirituais’ e/ou negociais?

Os símbolos do mercado (como lucro, resultado, acúmulo e prosperidade) e mesmo os modelos de marketing de tal modo que fazem as pessoas comprarem (consumirem In-SUSTESTENTAVEL-MENTE) poderiam ser aplicados à fé cristã?

Todo aquele que fizesse algo próximo disto com valores tão preciosos como a fé, a espiritualidade, a esperança e a boa vontade dos fiéis, no mínimo, receberia uma notificação pela indébita apropriação de algo tão destrutivo para a saúde ecológica e humana do planeta: o ‘consumo como sentido de existir’ que nos faz SER pelo que TEMOS ou recebemos de Deus, e menos pelo que SOMOS e RE-PARTIMOS com os mais necessitados.

Em Diálogo com “Apropriação Indébita” de Israel Belo.