Dia 12/12/12, quarta-feira à noite, final da Copa Sulamericana de Futebol. O São Paulo F.C. vence o Tigre da Argentina por 2×0, brigas em campo, Tigre não volta para o segundo tempo, São Paulo declarado campeão faz a festa no Morumbi para mais de 60.000 torcedores. Palco montado para entrega das medalhas e troféu. Como todos sabem, o capitão do São Paulo há vários anos é o goleiro Rogério Ceni, exemplo de profissional pela sua dedicação e conduta dentro do futebol, que é um meio influenciado por muitas práticas não recomendáveis, por exemplo: noitadas, orgias e bebedeiras.
Antes de relatar o que me chamou a atenção, devo citar que Lucas, jovem atacante do São Paulo e também da Seleção Brasileira de Futebol, estava se despedindo do clube, rumo à França, onde defenderá o Paris Saint-Germain (PSG). Agora vamos ao fato que me chamou: Rogério Ceni recebeu o troféu das mãos do representante da Sulamericana, chamou todos os jogadores para ficarem em volta dele, e no momento de erguer o troféu como símbolo maior da vitória conquistada, tirou a braçadeira de capitão e a colocou no braço de Lucas, que naquele momento passou a ser o capitão da equipe, e que, por direito e tradição, é aquele que ergue o troféu.
Lucas ficou emocionado pelo privilégio de poder levantar a taça, mas isso só foi possível pela atitude de Rogério, que abriu mão desse privilégio para presenteá-lo. Forma de reconhecimento e carinho pelo trabalho de Lucas no time, no momento da sua despedida do clube. Quantos de nós estamos dispostos a isso: no momento de estarmos sob os holofotes e câmeras e flashes e prestígio, dar o lugar para outro?
Quantos de nós estamos dispostos a abrir mão do nosso espaço, da nossa exposição positiva em favor de outro? Arrisco-me a dizer que esse percentual é muito baixo, baixíssimo. Nossa intenção é a de ficar sempre exposto (positivamente, é claro). Mesmo quando alguém merece destaque, nossa tendência é ignorarmos isso. A Bíblia diz: “Deem a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temos, temos; se honra, honra”. (Romanos 13.7).
Outra tendência nossa é estarmos sempre nos primeiros e melhores lugares. Jesus também nos ensinou sobre isso, quando notou que convidados escolhiam os lugares de honra à mesa, contando a seguinte parábola:
“Quando alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior honra do que você. Se for assim, aquele que convidou os dois virá e lhe dirá: ‘Dê o lugar a este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos importante. Mas quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma que, quando lhe vier aquele que o convidou, diga-lhe:’Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado na presença de todos os convidados. Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.” (Lucas 14.7-11).
O jogador Lucas, como narrou o médico Dr. Lucas no texto acima, ficou “na dele” e foi exaltado pelo capitão Rogério, que mesmo passando a braçadeira por alguns minutos, não deixou de ser o capitão da equipe. Teve e tem autoridade e humildade para agir assim. Lucas não pediu, não quis assumir o lugar que não era dele e foi presenteado, passou para uma posição mais importante.
Quando estava preparando para escrever esse artigo, li o “Bom Dia” publicado pelo Pr. Israel, onde um trecho do texto diz assim: “Então, vem Jesus e diz: quem quer ser mais seja menos (conceito contrário ao da produtividade); faça o que é bom sente-se nos últimos lugares; não se importe com os aplausos do dia; não viva pensando em cargos e coisas. Os menores aos olhos os homens serão os maiores aos olhos de Deus. Deus vê o coração e conhece a motivação dos nossos atos. E para ele, a motivação é o que conta.” Que tenhamos boas e positivas motivações.
Dê preferência: nas filas, no trânsito, no ônibus, no metrô, no banco, na feira, no supermercado, no trabalho, em casa, na igreja, onde necessário. Antigamente as pessoas se levantavam quando os mais idosos entravam em algum lugar e podiam se assentar. Isso não é mais uma prática nos dias de hoje, raramente vemos isso. Vamos estar atentos para praticar aquilo que agrega valor para as pessoas, mesmo que isso seja considerado uma coisa antiga. Boa semana.
P.S.: o autor é corintiano.