Sempre tenho/temos destacado o lugar da graça, graça de Jesus que nos regenera e nos molda, nos socorre e satisfaz.
A teologia da graça pode provocar um desvio (não da graça, mas dos que observam seu compasso), levando a alguns que nada precisam fazer, senão esperar que a graça opere e nos faça passar em concursos e vencer provas.
Para que a confusão, antiga que é, não se desfaça, a leitura do Novo Testamento, que a desfaz, se faz suficiente. Vejamos um destes textos, em que o apóstolo Paulo afirma:
"Vocês não sabem que de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio". (1Coríntios 9.24)
Assim, fica eficiente que a graça aplica-se apenas ao campo espiritual, não ao intelectual, não ao profissional. Nestes campos, o prêmio vem como consequência do esforço. Neste campo, o mérito tem o seu lugar.
Como lemos, para alcançar o prêmio, precisamos nos preparar. A analogia do esporte, vinda da prática dos jogos ístmicos na Grécia paulina, serve para todas as áreas da vida.
A vitória demanda preparo. A vitória na vida profissional demanda estudo, muito estudo.
O preparo (o treino, no esporte; o estudo, na vida acadêmica e profissional) demanda esforço, muitas vezes sacrificial.
Parte de nós jovens perdeu a dimensão do sacrifício pessoal para alcançar suas metas.
Assim como um atleta de alto rendimento sabe o que a dor é sua companheira (doem músculos e as articulações, pelo esforço para vencer), aquele que quer receber o prêmio nos outros campos da vida precisa saber que vai doer. Ou seja: o esforço é necessário.
O esforço não abre mão da graça, uma vez que Deus nos abençoa em nossos esforços, potencializando-os para o triunfo.
O belo poema de Isaías nos mostra esta graça divina em ação em nosso favor:
"Será que você não sabe? Nunca ouviu falar?
O Senhor é o Deus eterno, o Criador de toda a terra.
Ele não se cansa nem fica exausto; sua sabedoria é insondável.
Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças.
Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem;
mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças.
Voam alto como águias; correm e não ficam exaustos,
andam e não se cansam."
(Isaías 40.28-31)
Aprendemos, então, que Deus nos abençoa quando põe alvos elevados em nossos corações.
Deus renova as nossas forças, quando o esforço nos drena as energias.
Deus nos fortalece na hora em que estamos sendo pressionados, para não ficarmos desanimados; no tempo que nos sentimos perplexos, mas não ficarmos desesperados (2Coríntios 4.8). Não competimos sozinhos.
Deus nos ensina a colocar as vitórias no seu devido lugar, como uma etapa para novas vitórias, tais como os voos das águias.
Israel Belo de Azevedo
