BOM DIA: A última terça-feira

Era terça-feira.
Jesus está em Jerusalém, misturado aos 40 mil habitantes da cidade e os outros 100 mil peregrinos, vindos de todos os lugares do mundo para a celebração da Páscoa.
Eles ouvem atentamente os que se apresentam como dentro da Lei divina, profissionais do ensino da Torah e de outros livros de respeito.
Jesus era um professor, mas não era contado no grupo. Vindo de obscuras cidades da Galileia, região de onde não se esperava sabedoria, era considerado um fora-da-Lei. Era, na verdade, um apaixonado por aquilo que era libertador na Lei divina, não por aquilo que aprisionava e aterrorizava as pessoas.
Ele gostava de uma frase da Lei divina, que dizia: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Levítico 19.18).
Então, questionado por um mestre dessa Lei, não só repetiu o mandamento como o colocou no topo. Era mais importante que dar o dízimo. Era mais valioso que guardar o sábado. Era mais santo que amar a Deus.
Quando viu os mandamentos organizados em sábia hierarquia por Jesus, o mestre assentiu com a cabeça e com a voz. Havia um sorriso de satisfação nos seus lábios, ao se sentir aprovado.
Era terça-feira e, antes que o sol se pusesse, o mestre ficou com o rosto crispado quando o recém-chegado de Cafarnaum lhe ditou a sentença:
— Você não está longe do Reino de Deus.
Quem está perto e não dá o último passo está longe.
Quem sabe e não pratica o que sabe está longe de uma vida que vale a pena.
Está longe quem faz todas as coisas, mas não se empenha em fazer a mais importante.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO