BOM DIA: É assim que se vive

Às 6 da manhã, como um relógio, ela ligava para a filha.
O dia seria duro e era necessário que orassem juntas.
E assim, manhã após manhã, durante 28 dias, como se fosse um relógio, às 6 horas da manhã, a mãe ligava para a filha no hospital.
O genro, no topo de uma carreira universitária, tivera um acidente vascular-cerebral de forte impacto.
Primeiro teve que lutar para sobreviver. A morte o cercou por 28 dias, no CTI, antes de o deixar.
Quando ele foi para o quarto, a sogra, sentada em sua cadeira de rodas, foi orar com ele.
Ela viu seus esforços fatigantes para reaprender a respirar, a se alimentar, a andar e a falar. Ela não viu o fim do processo.
A morte trocou de alvo e a levou.
Braços levaram seu corpo para a morada semifinal, mas a lembrança ainda conserva seu sorriso, seu companheirismo, seu cuidado para com os filhos, sua paixão pelos netos e bisnetos, sua confiança inabalável em Deus, seu compromisso em orar, seu prazer em cantar.
(Homenagem a Rubenita Silva do Nascimento, 1928-2013)

ISRAEL BELO DE AZEVEDO