Diz-se que um dos mais famosos sermões de Peter Marshall, na década de 40, foi dedicado às mães, tendo como título "Guardas das Fontes". Ele começa contando que em certa cidade, situada no sopé de uma cadeia de montanhas, um estranho habitante das florestas tomou para si a responsabilidade de ser o guarda das fontes. Assim, percorria os montes, e toda vez que encontrava uma fonte tratava de limpá-la das folhas caídas, do lodo e do barro. E tão dedicado e caprichoso era em seu trabalho que a água, ao descer borbulhante através da areia fina, corria para baixo, fresca, pura e limpa. Certo dia, porém, a Câmara Municipal, julgando aquele trabalho inútil e o salário pago ao guarda um desperdício, decidiu construir um reservatório de concreto e dispensar o guarda das fontes. Terminado, o reservatório logo se encheu de água, mas esta já não parecia a mesma. Estava poluída e, de imediato, uma epidemia ameaçava a vida da população. A Câmara reuniu-se novamente. E todos os vereadores reconheceram o erro de terem demitido o guarda das fontes, que foi imediatamente convidado a voltar a realizar seu trabalho de vital importância para a cidade. Aplicando a sugestiva figura às mães, afirma o famoso pregador que "nunca houve uma época em se sentisse maior necessidade de Guardas das Fontes, ou que houvesse mais fontes poluídas, necessitadas de purificação", referindo-se à sua época.
Guardas das fontes! É exatamente isso que as mães, aquelas que o são de verdade, são! Guardas das fontes! Cada ser humano que nasce é uma pequena fonte que, no decorrer da vida, vai jorrar na sociedade coisas boas ou ruins, “água” pura e cristalina ou “água” poluída. As mães verdadeiras são aquelas que trabalham nessas pequenas fontes no intuito de fazer com que delas só jorrem boas coisas. É uma luta, um trabalho descomunal, por causa do trabalho em si e por causa dos adversários que ela tem que enfrentar e que se multiplicam a cada dia. Dentre os adversários estão:
· a natureza humana decaída da própria criança, como ser humano que é, que pende para o mal;
· os indivíduos maléficos, instrumentos do “capeta”, que labutam na intenção de desviar as nossas crianças para o caminho do mal,
· a desigualdade social;
· e, para citar só mais um exemplo, a atitude passiva de outros que poderiam ajudar, incluindo muitos pais, mas que acham que tal responsabilidade é apenas da mãe (ou às vezes nem acham, mas se acovardam e não ajudam).
Querida mãe, neste dia, que é o seu dia, quero lhe parabenizar e lhe dizer com sinceridade que você é a maior heroína da sociedade brasileira. Talvez você, a exemplo de muitas outras, porque os adversários são descomunais, nem tenha conseguido fazer com que da “fonte” da qual você cuidou “água limpa” viesse a jorrar, mas se você tentou, se você lutou contra os adversários, então você é uma grande heroína. E quem sabe se você ainda não verá o seu trabalho frutificando?
Quando trabalhei por um tempo com menores vítimas dos adversários do trabalho das mães, uma das coisas que pude perceber é que no âmago do ser daqueles pequenos, o trabalho de suas mães estava impresso, e impresso de uma maneira tal que nada pode apagar. Alguma coisa, alguma sujeira, alguma obra maléfica estava cobrindo esse trabalho, mas ele ainda estava lá, impresso, indelevelmente marcado em suas almas. Algum dia esse trabalho pode se sobrepor a toda essa sujeira e o fruto aparecer da forma como foi desejado, a “água” jorrar pura e cristalina. Muitos exemplos já poderiam ser citados, mas me abstenho de citá-los aqui. E a grande heroína, a grande operária, a grande agente dessa frutificação, desse jorrar de “água” pura e cristalina, humanamente falando, ainda que não reconhecida, é você, mãe.
Parabéns pelo seu dia! Parabéns pela sua vida de dedicação e trabalho! Parabéns por você não desistir nunca da fonte que lhe foi confiada! Nós sabemos que mesmo quando você diz que desistiu, você não desistiu de fato. Então, mais uma vez, e agora com letras maiúsculas: PARABÉNS!
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Walmir Vigo Gonçalves é pastor da Igreja Batista em Muqui – ES, Bairro Boa Esperança