Segundo o evangelho de João, tendo amado os seus, Jesus os amou até o fim (João 13.1). O refrão se aplica a Maria.
Mesmo tendo sua vida muda por decisões que não tomou, Maria continuou amando os seus.
Um episódio ilustra esta coragem de amar. Ela e seu marido tiveram que fazer uma viagem que não podiam, mas que tinham que fazer por determinação legal, para eles e para todos. Ser parte de uma sociedade impõe compromissos, nem sempre agradáveis. Ser parte de uma família cobrava um preço alto: tinham que se registrar em Belém.
Ser parte de uma família às vezes cobra um preço alto, mas vale a pena. Ali somos acolhidos e acolhemos. Somos protegidos e protegemos. Somos formados e formamos. É na família que vamos nos tornando gente, e isso se aplica a recém-nascidos, que têm tudo para aprender, e a idosos, que também aprendem.
Nem sempre dá para planejar todas as coisas, mesmo num mundo como o nosso, em que há sites na internet até para dar nó em gravata, quanto mais fazer reserva em hotel. José, por mais cuidadoso que fosse, não conseguiu dar um lugar adequado ao seu filho (sim, seu filho, porque assim o tratou) para nascer.
Às vezes, as condições que nos são dadas não são as que queremos. Umas podem e devem ser recusadas. Outras devem ser aceitas. José e Maria buscaram onde foi possível um lugar decente para o primeiro filho do casal (sem berço, sem enxoval). Eles não gostaram das condições do lugar improvisado do nascimento e nem do berço improvisado. Não era o que sonharam. Foi o possível. Como uma mãe que dá a luz num camburão, Maria aceitou sua condição e ali foi feliz. Tinha que ser ali? Ali foi, com alegria.
Todos os outros episódios da vida de Maria mostram a intensidade com que amou. Mesmo com dor (porque o amor conhece e supera a dor).
É como Maria que devemos amar.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO