BOM DIA: Precisamos aprender a conviver com o mistério

O ideal é que aprendêssemos a conviver com o mistério antes das experiências que nos lançam no seu abismo, mas é raro que nos venha esta maturidade.
Então, ficamos olhando para o infinito, cujo contorno é dado por um caixão onde se esconde o corpo de alguém que amamos todos os dias das nossas vidas, seja um pai ou mãe, um filho ou filha, um irmão ou irmã, um avô ou uma avó. Quando nossos olhos se levantam é para contemplar o horizonte da solidão.
Por vezes, olhamos para o finito, cujo rosto é o olhar de uma pessoa que amamos e que, juntamente conosco, enfrenta uma doença para a qual só se tem como certo o diagnóstico, que é bom ter mas não garante nada. Enquanto isto, a luta pela saúde, física ou mental, vai sendo travada e vai drenando nossas forças.
Como compreender?
O que fazer?
Como fazer?
Vem a culpa, mesmo que absurda (como se pudéssemos ter feito diferente). Vem também a impotência e nos recusamos a aceitar que somos impotentes.
Assim, depois de termos lutado ou estarmos lutando (pela vida do outro ou até mesmo pela nossa), encontramo-nos numa rua sem saída.
Esta rua tem nome: mistério. O mistério é a confissão da nossa ignorância.
O mistério nos força à confiança: Deus sabe de todas as coisas e Ele é bom. A confiança diante do mistério nos embebe de esperança: se há vida, vamos lutar por ela como uma possibilidade com todas as nossas forças; se não há mais vida, vamos agradecer por ela e aguardar o tempo do reencontro, enquanto convivemos com a saudade, este sentimento triste embora bom.
Precisamos aprender a conviver com o mistério, onde  o "eu não sei" cruza com "eu creio". Sim, foi na cruz de Jesus Cristo que o "Deus meu, porque me abandonaste" se encontrou com "Tudo o que tinha para ser feito foi feito".
O mistério nos oferece a via da revolta ou a via da santidade.
Peçamos a Deus para sempre desejarmos a vida da santidade.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO