Você dirá que as circunstâncias lhe são favoráveis.
Com razão.
Mas, nas mesmas circunstâncias, alcançaríamos a mesma altura em que ela subiu?
É que fui almoçar com um amiga, junto com outros amigos, a convite dela para celebrar uma data importante.
Na casa dela, pela qual se locomovia em cadeiras de rodas, conversamos, sobretudo sobre livros. Quando me convidou me falara de um deles (sobre o apóstolo Paulo, que eu não conhecia). Antes de nos assentarmos à mesa, folheei o livro, que ela comentou e acabou me dando, por achar que me seria útil. Foi. Li-o todo em algumas horas.
Num momento de distração, circulou um número pela sala. Era o número de livros que tinha lido nos últimos seis meses. Como achei não ter ouvido bem, perguntei e a resposta me foi repetida.
75.
Em seis meses, ela leu setenta e cinco livros.
Fui ver a estante no quarto. Nenhum era fininho.
Evidentemente, a conversa se prolongou. Eu ouvindo-a discorrer sobre os livros que tinha lido.
Fiquei impressionado. Aquela mulher de 90 anos lera mais de 12 livros por mês. Quase três por semana, na média.
Viúva, poderia ficar chorando.
Numa cadeira de rodas, poderia ficar se lamentando.
Ler para ela não é apenas um passatempo, mas uma forma de compreender o mundo.
Ler é uma forma de compreender o mundo e interagir com ele de modo saudável.
(Com o meu abraço agradecido a Dona Jacy Curvacho, pelo almoço a não ser esquecido.)
ISRAEL BELO DE AZEVEDO