BOM DIA: Quem tem coragem para dizer que é feliz?

(Bom dia enviado em 11/12/2010)
 
Um ano depois, encontram-se a médica e a paciente.
Elas recordam do atendimento anterior, apressado, com a médica agitada com os preparativos para o seu casamento.
A paciente, com uma filha da idade da médica, pergunta como vão as coisas, para ouvir:
— É muito boa a vida de casada. Não sei como tem gente que é contra e prefere morar junto. O casamento dá estabilidade. É claro que temos que aparar as arestas, mas estou adorando.
A declaração de amor pode suscitar lembranças e saudades, bem como contestações e discordâncias.
Como é bom ouvir alguém com a coragem de assumir a própria felicidade.
Como é bom ouvir alguém sair em defesa da estabilidade como algo bom para a vida. 
É outro o sentido do conteúdo que geralmente consumimos. Claro: uma vida estável não permite o drama, seja na literatura, no teatro, no cinema ou na televisão. A arte também vive do ponto preto na página branca. Felicidade só vende quando é apenas o epílogo de uma história longa e angustiada.
Por isto, são muito bem-vindas as narrativas que celebram relacionamentos cheios de compromisso e companheirismo.
 
(Escrito na noite em que completei 32 anos de casado.)
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO