Precisamos saber que o nosso destino é o anonimato.
Penso nisto todas as vezes em que leio uma reportagem informando que um famoso ator, já retirado dos palcos ou da telas, morreu. Boa parte deles, que um dia eletrizaram as massas, não reconheceremos, se a matéria não estiver acompanhada de uma foto da época de seu vigor.
Lembrei-me disto porque, num mesmo dia, passei por um jornalista bastante conhecido e vi num restaurante um ator com grandes papéis em novela. Estavam sozinhos. No corredor de uma emissora de rádio, ninguém o cumprimentou. Talvez nem seus colegas saibam quem ele é. Quando o ator entrou para almoçar, tive que ter ajuda: "Como é o nome dele mesmo?"
No dia seguinte, fui a um funeral. Um ex-aluno, como eu, disse que o falecido, que acabara de completar cem anos, não seria esquecido, por aquilo que fez e lhe fez. Subscrevo.
As pessoas que realmente importam nos deixam marcas e estas são para sempre.
Diferentemente, a fama é apenas nuvem, necessariamente passageira, por mais intensa que seja num determinado. Assim mesmo a buscamos.
(Em homenagem a Osvaldo Ronis, 14.5.1913 — 1.7.2013)
ISRAEL BELO DE AZEVEDO