Dentre as muitas coisas que não sei, duas me intrigam: a primeira é que não sei nadar e a segunda é que não sei porque o mar me encanta.
Enquanto caminho pela areia, não tenho vontade de mergulhar ou de surfar (certamente porque não saberia fazê-lo e deve ser tão maravilhoso quanto voar!), mas fico minutos e horas contemplando o movimento das águas.
Como criança, fico imaginando o que existe depois que minhas vistas não alcançam mais as águas. Os descobridores do passado viram continentes a ser explorados. Meus rústicos conhecimentos apenas me dizem que "o fim do oceano" é a prova de que a terra é redonda.
Acho pouco.
Depois me pergunto: há quantos anos (ou melhor: há quantos milênios ou bilênios) essas ondas tocam a praia? Quantas pessoas já não tiveram seu corpos banhados por essas águas, que águas são embora não sejam as mesmas?
Digo-lhe o que acontece comigo: começo apenas contemplando o movimento das águas; em seguida, vêm as muitas perguntas (quem, como, quando, por que?); termino em Deus. "Senhor, só tu poderias ter criado algo tão perfeito como o mar. Os movimentos destas águas aqui não são atos do acaso, assim como eu não sou fruto do acaso. Tu criaste as coisas e fundaste as leis que as regem. Eu te agradeço".
Então, posso voltar para casa. Até o próximo encontro.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO