Desejo agora apresentar algumas motivações para a participação numa igreja.
A cada uma dei um adjetivo.
MOTIVAÇÃO ERGONÔMICA — Todos precisamos descansar. Como somos teimosos e nos achamos super-homens, Deus mesmo cuidou de nos legar um mandamento: descansem. O sábado bíblico incluía a folga do trabalho, mas também a folga da terra. Penso nesta dimensão, tomando a igreja como uma oportunidade que lhe damos para nos desintoxicar do estilo de vida do mundo em que vivemos (da pressa, do grito, da concorrência, da corrupção) em busca de um pouco de calma, silêncio, entrega e santidade).
MOTIVAÇÃO ESTÉTICA — Todos precisamos de fruir o que é bonito. A arte nos humaniza e nos eleva. Por isto, gostamos de música, teatro e cinema. A igreja é sempre a casa da música, que cantamos e ouvirmos. Uma música bonita é uma prolepse do céu. As gerações mais experientes se sentem transportadas no céu diante de uma música como "Jerusalém", entre outras. As novas gerações entram em sintonia com o céu com canções como "Vim para adorar-te", por exemplo. A arquitetura do templo tem que ser sublime. Até mesmo um sermão também precisa ser bonito. Nestes casos, celebrar é experimentar a beleza.
MOTIVAÇÃO PSICOLÓGICA — Podemos celebrar sozinhos, em casa, mas precisamos celebrar em conjunto. Pertencer a um grupo é uma de nossas necessidades básicas. Celebrando juntos, amamos e nos sentimos amados. Quando nossa voz, no louvor, se junta a outras vozes e parecem ecoar da terra ao céu, somos tomados um senso de relevância que não encontraríamos em outra prática.
MOTIVAÇÃO PEDAGÓGICA — Todos temos muito o que aprender. E, na igreja, aprendemos de Deus. Ele nos deixou escrita a sua Palavra, que podemos ler e interpretar. Devemos lê-la sozinhos, mas devemos lê-la na comunidade. Lendo a Bíblia em comunidade, conferimos nossas interpretações e evitamos o erro. Ouvindo, do professor ou do pregador, a interpretação, somos alçados a voos que a leitura solitária não alcançaria.
MOTIVAÇÃO HUMANITÁRIA — Quando vamos à igreja, nós nos associamos a outras pessoas para ajudar outras pessoas. Somos pessoas solidárias. Ajudar nos realiza como pessoas. Na igreja somos instados a deixar nossa natureza egocêntrica para, pondo o centro em Deus, nos tornarmos o que podemos ser: homens e mulheres altruístas. O dia a dia nos torna pessoas mesquinhas. O domingo nos torna generosas.
DIMENSÃO ONTOLÓGICA — Quando celebramos a Deus, num culto coletivo (que começa com o individual), nós nos encontramos com ele. Ele está ao nosso lado e no culto nós vemos. Ele nos ama e no culto nós o sentimos. Quando nos encontreamos com ele, nós nos encontramos conosco mesmos. É no encontro que nos realizamos. O culto, portanto, tem uma dimensão ontológica. [FIM]
ISRAEL BELO DE AZEVEDO