BOM DIA: Anatomia da prepotência

Na mesa ao lado, almoçando com um colega, o jovem profissional despeja sua fúria entre palavrões contra seus subordinados:
— Se eu pudesse, demitia todo mundo. Eu não tenho paciência com incompetentes. Sou mais novo do que eles, mas eu produzo. Cansei de carregar esse pessoal nas costas.
O colega não tinha tempo sequer de concordar.

— As pessoas têm que bater as metas. Não quero saber se têm problemas. Tenho os meus, mas eles ficam em casa.
— Acontece…
— Não, comigo, eu sou direto. Não serve, mando embora. A empresa me paga e tenho que mostrar que sou capaz.
O tom da voz chegou a outras mesas.
— É impressionante como esses caras não tomam a iniciativa. Sempre estão esperando por mim. Eles não sabem pensar. Não dão um passo sem me consultar.
Toca o telefone.
— Era para saber se vou demorar. Não posso nem almoçar sossegado.
— O mercado…
— São uns fracos. Ficam colocando as coisas pessoais acima dos interesses profissionais. Eles não têm noção do que é importante.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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