BOM DIA: O privilégio

Ouvir as pessoas é um privilégio.
Quando ouvimos as pessoas, passamos a fazer parte de suas histórias.
Antes, elas nos pareciam distantes, tímidas, arrogantes, insípidas; equilibradas, seguras, vibrantes.
Mas todas choram.
As suas lágrimas fazem que marejem também os nossos olhos e caiam as máscaras que lhes pusemos. Os distantes se aproximam, os tímidos falam, os arrogantes tremem, os insípidos brilham; os equilibrados se contorcem, os seguros duvidam, os vibrantes se calam.
Todas as transformações se passam diante dos nossos ouvidos.
As confissões não eram necessárias, mas é tal a segurança que os segredos são aflorados sem que se olhe para os lados. Os projetos não precisam ser revelados, mas o passos planejados são compartilhados com esperança.
O encontro muda a cor das nuvens, seca as lágrimas trocadas por sorrisos (mesmo que ainda discretos), acende uma luz ao fundo.
Quem ouve o outro o outro aceita.
Ouvir é um privilégio.
 
ISRAEL BELO DE AZEVEDO