DESISTO OU INSISTO?
(Silvino Netto na crise, em 6 de outubro de 2013. Dedicado aos que não se preocupam com a Educação e aos educadores em CRISE.)
São 45 anos dedicados ao magistério!
Meu sacerdócio e paixão!
Diante do retrovisor de minha
Trajetória pedagógica,
No Reino da Educação,
Paro, indignado,
E indago?
Espelho, espelho meu,
Existe alguém com semblante mais triste,
Como o meu?
E em crise, como eu?
Não se trata de uma nova versão
Dos contos famosos de nossa infância,
A estória da velha madrasta
Da Branca de Neve,
Em busca do monopólio da beleza,
E realeza.
Mas, sim, uma reflexão sobre o meu desempenho
Como um simples súdito no reino da Educação.
Espelho, espelho meu,
O que vem acontecendo com a Educação no Brasil
“Detentor” dos últimos lugares no ranking mundial da educação!?
Mas, não são 98% de crianças brasileiras, na escola?
Espelho meu, não estou preocupado com a quantidade.
Mas com a QUALIDADE do ensino, os seus resultados positivos…
Pergunto sobre os programas de qualificação;
De valorização do professor;
Sobre o funil que dificulta o ingresso
De jovens à Universidade!!!
Espelho, espelho meu,
Não me interessa saber que reduzimos o analfabetismo
Ao índice de 8,5%.
(Que, aliás, aumentou nos últimos anos).
Estou preocupado, sim, com o analfabetismo funcional,
Com a evasão escolar,
Com o déficit de profissionais qualificados,
Com o problema de inserção dos formados
No mercado de trabalho…
Com a gestão dos recursos aplicados à Educação…
Não me tranquilizam os programas (alguns eleitoreiros),
Bolsa Escola, Bolsa Família Todos na Escola,
Mais Médicos, Mais Professores, Mais Engenheiros,
Mais Advogados, mais, mais e mais…
Mas, mais e mais, preocupo-me com
Mais Profissionais Mais e com mais qualidade de vida!
Sabe, espelho meu,
Estou preocupado com o futuro do Brasil!
Esta é minha crise: Que fiz ou deixei de fazer
Em meu sacerdócio, em minha missão docente?
Em que fui incompetente,
Em que fui ingênuo,
Ou não persistente,
Ousado como os canalhas,
Diante da madrasta da Educação,
Deixando-me perder na floresta, expondo-lhe meu coração,
Para que morressem meus sonhos de juventude,
Minha vocação?
Fui eu ambicioso? Inocente?
Mordi, também, a maçã envenenada
Que me fez inerte, por tanto tempo?
Fui eu um gigante em potencial,
Adormecido na cama de anões?
Fiquei eu à espera do encanto do beijo,
Do conto de fadas,
Que me fizesse despertar e fazer morada no Reino da Educação?
Espelho, espelho meu:
Que posso mais fazer para que o meu país
Cumpra a sua Carta Maior:
A Educação, direito de todos e dever do Estado…?
Espelho, espelho meu,
Ainda tenho tempo de sonhar?
Ainda encontro parceiros
Que não se cansam de lutar?
Espelho, espelho meu,
Nesta crise existencial, educacional,
Ajude-me a refletir,
A encontrar a resposta:
DESISTO OU INSISTO?
(Nota: Se alguém quiser me ajudar, nesta reflexão, sendo uma voz da resposta à minha indagação, favor ajudar-me em minha terapia, escrevendo para: scfnetto@gmail.com Quem sabe. É um embrião de um livro sob o título: INSISTO OU DESISTO?).