CHEGA DE “JÁ QUE” (Adalberto Alves de Sousa)

Vez por outra algum uso estranho entra na ordem do dia do idioma. O “a nível de” parece que perdeu força, mas o “através”, o “possui” e o “onde”, que pode significar qualquer coisa, menos “lugar”, esses continuam firmes. Segundo posso observar, entretanto, a mais recente dessas esquisitices é o uso exclusivo de “já que” como conjunção subordinativa adverbial causal. “Porque” já era. “Pois”, “como” são coisas do passado. “Desde que”, “visto que”, esses já saíram do mapa faz muito tempo. Hoje todas as causas são expressas por “já que”. Ligue o rádio e preste atenção: se em 3 minutos você não ouvir alguém dizendo “já que”, pode aguardar mais 2 minutos que ele aparecerá, infalivelmente. Na TV não é diferente. Preste atenção no papo dos seus amigos, pois eles também entraram no time do “já que”. Mas sabe o que é mais grave nesta história? Promete que não vai ficar aborrecido comigo? Até você aderiu ao “já que”. Se duvidar, pergunte aos seus amigos.