Homenagem às mães (Ivone Boechat)

Ser mãe
 
No peito, lábios famintos,
carência se abriga
na seiva do amor,
nos braços, afago macio,
o carinho se embriaga
no favor;
na vida, farol no caminho,
indica a certeza
de ir onde for,
no tempo,  sinal de retorno
na porta aberta
do ninho de amor.
 
 
Quando as mães vão embora
 
Quando as mães
vão embora
aliviar-se do peso
de sua cruz,
elas deixam
um perfume
de saudade
no seu ninho
e um rastro de luz
nas pegadas
do caminho.
 
 
Mães e flores
 
Flores e mães se confundem
nos canteiros  da vida,
elas são belas,
perfumadas, têm o néctar
que nutre a fome
de amor;
o Senhor outorgou às mães
intenso brilho,
deu a elas o poder de
se tornar mãe-flor,
a graça de se renovar
na dor,
e o esplendor de
ser uma só alma
no seu filho.
 
 
Mães e avós
 
Cabelos brancos,
pele cansada,
marcas
da jornada;
passos lentos,
voz embargada
pelos ventos
na caminhada…
mãos  firmes
olhos com brilho,
coração aberto,
para o filho.
 
 
Mãe, regente da vida
 
Mãe,
anjo consagrado
que ajuda a compor
a ópera da vida;
é regente
que  afina vozes
e instrumentos da
lida;
mãe rege alegrias e sofrimentos,
só não vê desafinar
a lágrima do choro
na última
composição
de sua despedida.
 
 
Homenagem às mães
 
Bem cedinho,
ao orvalho da manhã,
colhi esta flor,
devagarinho,
a mais bonita do jardim,
para dizer,
no silêncio da beleza,
porque as mães
são assim:
frágeis e poderosas,
sonhadoras na tristeza,
pequenas grandiosas,
energia e leveza,
na pobreza generosas…
mães sofrem nas alegrias,
perdoam filhos ausentes,
pedem como presente
orações todos os dias.
 
 
Dia das mães
 
Hoje,
no Dia das Mães,
quando seu filho entrar
na sua casa,
dê graças a Deus
por esta linda história
que você escreveu;
enxugue a lágrima
que doeu
para ver com alegria
como o menino cresceu…
enfeita aquela antiga mesa
e comemore
a vitória;
você educou,
deu o exemplo,
orou, assoprou,
sustentou
a brasa do amor acesa.