O TESTEMUNHO SEM PALAVRAS (Sylvio Macri)

Falando sobre o testemunho da mulher crente ao marido não crente, o apóstolo Pedro diz que é melhor testemunhar silenciosamente, através do procedimento (I Pedro 3:1,2). É o testemunho sem palavras que fala mais alto dentro do lar. E não somente entre marido e mulher, mas entre todos os membros da família.

Em uma das igrejas que pastoreei havia um homem, que já estava lá antes de eu iniciar aquele pastorado, que se dizia evangelista experimentado e de sucesso. Gostava de pregar nas grandes praças da cidade. Aos poucos fui conhecendo-o e descobri que sua esposa era membro de outra igreja e seus filhos não eram crentes. Descobri também que ele era um péssimo chefe de família, e logo o adverti de que, naquela condição, não tinha autoridade nenhuma para evangelizar e de que não deveria usar o nome da igreja para isso. Em vez de consertar sua vida, ele preferiu ir embora para outra igreja.

O testemunho no lar é um desafio justamente porque ali é impossível fingir, as pessoas nos conhecem exatamente como somos, sabem como procedemos realmente. Por isso, se quisermos dar um bom testemunho, não bastam discursos, temos que mudar verdadeiramente. Ou, se já damos um bom testemunho, temos que lutar muito para mantê-lo, para escapar das armadilhas diabólicas que tentam nos levar ao fracasso.

O testemunho pelo procedimento deve ser, como diz Pedro, a estratégia de preferência no casamento entre um cônjuge crente e um não crente. De vez em quando ouvimos dizer que por causa do mau procedimento do cônjuge crente o cônjuge incrédulo não se converte. Nem sempre tal conduta é algo que consideramos grave, como, por exemplo, um problema moral; muitas vezes trata-se de maledicência, desamor, desleixo, preguiça, desperdício, etc. A parte do casal que não é crente fica muito sensível na observação do comportamento da outra, pois o Diabo vai tentar colocar todo o tropeço possível na relação. Trata-se de um desafio, por isto é preciso orar, vigiar e viver no Espírito!

O testemunho pelo procedimento também afeta muito os filhos. A maneira como os pais crentes tratam e disciplinam seus filhos, a maneira como lidam com as questões morais (a mentira, por exemplo) e a maneira como se relacionam com Deus, com a sua igreja e com os irmãos em Cristo, com certeza irá influenciar positivamente ou negativamente na sua conversão. Se a sua igreja ou sua relação com Deus não têm muito valor para você, não espere que o terá para seus filhos. Manter a vigilância na relação com os filhos é um tremendo desafio!

E em último lugar, há os casos em que a pessoa é a única na família que é crente, seja qual for a sua relação de parentesco. É comum acontecer de se converterem pessoas idosas que têm muitos filhos, netos e até bisnetos não crentes. Por experiência própria as pessoas nesse caso sabem que todos os olhos da família estarão voltados para ela, principalmente para o seu comportamento, conferindo seu discurso com a sua prática. Elas sabem que é muito mais a sua maneira de agir que irá testemunhar, silenciosamente, de sua fé. E isto é um desafio!

Por isso, é preciso buscar a graça de Deus e o poder do Espírito, bem como manter uma vida de constante oração, para não falhar nesse tipo de testemunho que, apesar de ser silencioso, fala mais alto que todos os outros testemunhos.